Países árabes ampliam interesse por produtos do agro brasileiro diante de tarifas dos EUA

Câmara de Comércio Árabe-Brasileira mapeia oportunidades para 13 produtos brasileiros com novas tarifas de 50% nos EUA

Por Redação
10/08/2025 16h51 - Atualizado há 5 dias
Países árabes ampliam interesse por produtos do agro brasileiro diante de tarifas dos EUA
(Créditos: Reprodução)
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O aumento das tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros oferece uma oportunidade para o Brasil expandir suas exportações para os países árabes. Um estudo identificou 13 produtos do agronegócio e da indústria que podem ser foco, incluindo café verde e carne bovina, com potencial de crescimento nas importações. As tarifas mais baixas para esses produtos no mercado árabe em comparação com os EUA tornam essa região ainda mais atrativa. A estratégia visa mitigar os impactos das novas tarifas americanas e fortalecer as parcerias comerciais com o bloco árabe, que apresenta crescimento populacional e econômico significativo.

O aumento das tarifas dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros abriu uma janela de oportunidades para o Brasil ampliar exportações ao mundo árabe. Um estudo da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, obtido com exclusividade pelo Broadcast Agro, identificou 13 produtos do agronegócio e da indústria nacional que podem ganhar espaço nos 22 países da Liga Árabe como alternativa ao mercado norte-americano.

A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros vendida aos EUA entrou em vigor no último dia 6. A pesquisa mapeou o volume de importações dos itens pelos países árabes, os principais compradores e destinos potenciais, considerando apenas produtos sujeitos à alíquota cheia e sem exceções tarifárias.

Entre os destaques, o café verde surge como um dos itens com maior potencial de expansão. O Brasil exportou US$ 513,83 milhões do produto não torrado ao mercado árabe em 2024, contra US$ 1,896 bilhão para os Estados Unidos. A Câmara aponta que Arábia Saudita, Kuwait e Argélia têm espaço para ampliar compras — no caso saudita, dos US$ 400 milhões importados, apenas US$ 49,12 milhões vieram do Brasil.

Na carne bovina, Egito, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita aparecem como mercados estratégicos. O Egito, por exemplo, importou US$ 927,12 milhões da proteína em 2024, dos quais US$ 273,07 milhões foram fornecidos pelo Brasil. No ano passado, as vendas brasileiras de carne bovina para países árabes somaram US$ 1,211 bilhão, acima dos US$ 885 milhões embarcados aos EUA.

O estudo também identificou oportunidades para produtos ainda não vendidos aos árabes, como semimanufaturados de ferro ou aço e madeira de coníferas. Máquinas pesadas, como bulldozers e carregadoras, também têm alta demanda no bloco, mas presença incipiente das exportações brasileiras.

As tarifas são um atrativo adicional: café não torrado entra no mercado árabe com alíquota zero, contra 50% nos EUA; carne bovina congelada paga entre zero e 6% no bloco, contra 50% no mercado norte-americano; açúcar tem tarifas de zero a 20% na Liga Árabe, contra 50% nos EUA. Já o petróleo refinado, um dos principais produtos brasileiros exportados aos EUA, enfrenta 50% de tarifa lá e apenas 5% nos países árabes.

Segundo a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, a estratégia tem dois objetivos: mitigar os impactos da nova tarifa americana — formada por 40% adicionais sobre os 10% já cobrados desde abril — e ampliar a parceria comercial do Brasil com o bloco. “Os países árabes têm crescimento populacional e econômico acima da média mundial, têm população jovem e o Brasil é um importante provedor para a segurança alimentar de lá”, afirma o secretário-geral da entidade, Mohamad Mourad.

Ele ressalta que, embora não haja uma estimativa exata, parte das exportações que perderão espaço nos EUA pode ser absorvida pelo mercado árabe ainda em 2024. “O estudo aponta para crescer paulatinamente o comércio, mas em alguns produtos pode haver demanda imediata. Carne bovina e café são produtos com potencial de rápida colocação nos países árabes, podendo colher resultados rápidos, embora 100% do que seria exportado aos Estados Unidos seja absorvido”, explica Mourad. Para isso, destaca, será necessário que o setor produtivo e as empresas sejam proativos.


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