O Governo de Mato Grosso do Sul suspendeu a queima controlada de 1º de agosto a 30 de novembro devido ao agravamento das condições climáticas, incluindo chuvas abaixo da média e altas temperaturas. A suspensão, anunciada durante reunião do CICOE, visa prevenir grandes incêndios na região. A queima controlada é uma técnica usada na agricultura e na gestão florestal para reduzir a biomassa acumulada. Embora haja um alerta para a seca, houve uma significativa redução de até 97,9% na área queimada no Pantanal em 2024, devido ao trabalho integrado entre órgãos e produtores.
Diante do agravamento das condições climáticas em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado decidiu suspender a queima controlada em todo o território sul-mato-grossense. A medida foi anunciada nesta segunda-feira (21) durante a 20ª Reunião Ordinária do CICOE (Centro Integrado de Coordenação Estadual), realizada na sala de crise da Polícia Militar, no Parque dos Poderes, em Campo Grande.
A proibição, que será oficializada por portaria, valerá de 1º de agosto a 30 de novembro, período que concentra o auge da estiagem e das altas temperaturas na região. Segundo o secretário Jaime Verruck, titular da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e presidente do CICOE, a decisão foi motivada pelo cenário de chuvas abaixo da média e previsão de calor intenso nos próximos meses.
“Estamos vivendo o período de início de seca, com chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas previstas para os próximos meses. Diante desse cenário, o CICOE decidiu pela suspensão da queima controlada em todo o Estado”, afirmou Verruck.
A queima controlada é uma técnica autorizada e planejada para uso do fogo em áreas específicas, normalmente em atividades agropastoris ou florestais, com acompanhamento técnico. O objetivo é reduzir a biomassa acumulada e prevenir incêndios de grandes proporções. Com a suspensão, ficam proibidos o plantio e a prática durante o período determinado.
Coordenado pela Semadesc, o CICOE reúne órgãos como Corpo de Bombeiros Militar, Imasul, PMA, Ibama, Defesa Civil, ICMBio, Cemtec e representantes da sociedade civil, como a Famasul. O grupo promove integração das ações, monitoramento contínuo dos riscos ambientais e coordenação das respostas emergenciais no estado. As deliberações são baseadas nas análises técnicas do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de MS).
Na reunião, a coordenadora do Cemtec, Valesca Fernandes, apresentou dados que apontam alerta de seca em várias regiões do estado. Apesar da redução de 54,2% nos focos de incêndio florestais em relação ao mesmo período de 2024, a previsão de chuvas para agosto a outubro será abaixo da média histórica de 30 anos. “Com esses dados, identificamos que a maioria dos municípios encontra-se em nível de alerta, e alguns já em nível de alerta alto, especialmente nas regiões norte e nordeste”, alertou a meteorologista.
Durante o encontro, o diretor-presidente do Imasul, André Borges, apresentou mudanças no Decreto nº 11.766/2004, que trata da isenção de custos de licenciamento ambiental em Unidades de Conservação, assentamentos e áreas de soltura de animais silvestres. Também foi discutido o Projeto FNMA 2025, que prevê o fortalecimento das administrações municipais com a implantação de Planos Operativos de Prevenção e Combate (PPCIFs) simplificados e emergenciais.
Apesar do cenário de alerta, os dados mostram avanços importantes. Em 2024, o Pantanal registrou redução de 97,9% na área queimada, enquanto no Cerrado a queda foi de 50,6%. As ocorrências de incêndios atendidas pelo Corpo de Bombeiros diminuíram 54,2% em todo o estado.
Segundo Jaime Verruck, o resultado positivo se deve à atuação integrada entre órgãos públicos, setor produtivo e ampliação do número de brigadistas especializados, que hoje somam 700 profissionais. “O trabalho em parceria com os produtores rurais, com apoio da Famasul, e a ampliação do número de brigadistas – hoje são 700 especializados em incêndios – têm sido essenciais. A atuação da PMA, do Imasul e do Ibama também tem sido incansável. Isso mostra que estamos no caminho certo”, concluiu.