O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, criticou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, considerando-a um "excesso judicial". Em sua nota, Riedel argumentou que a medida aumenta as tensões políticas e não ajuda na pacificação do país, ressaltando a necessidade de diálogo e normalidade institucional. A prisão foi motivada por descumprimento de medidas cautelares e por postagens que incentivaram ataques ao STF.
Durante viagem à Ásia, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), se manifestou nesta terça-feira (5) contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em nota publicada no Instagram, Riedel classificou a decisão como “excessos judiciais”.
"Prisão domiciliar, com restrição de direitos fundamentais e sem julgamento concluído são excessos judiciais que geram temerária escalada da tensão política e jurídica no País", escreveu o governador.
Ainda na publicação, Riedel afirmou que a medida só contribui para acirrar os ânimos e não favorece a pacificação do país. “Nada disso ajuda os brasileiros neste momento de grandes e graves incertezas e só compromete ainda mais a pacificação do País”, disse.
O governador ressaltou que está em missão na Ásia em busca de novos mercados para os produtos de Mato Grosso do Sul, afetados por fatores como o tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pela atual crise político-institucional entre Brasil e EUA.
“A responsabilidade pública e o esforço de todos agora deve ser na direção de flexibilizar e reduzir as tensões, retomando progressivamente o diálogo e não o contrário!”, completou.
“Precisamos pensar menos em política e mais no país agora! E o Brasil precisa da normalidade institucional para superar os inúmeros desafios de um país ainda muito injusto e desigual! Que voltem urgente a normalidade e o bom senso”, finalizou.
Prisão de Bolsonaro
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (4), com base no descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente. Entre as determinações, o ex-presidente está proibido de receber visitas, exceto dos advogados, e de usar qualquer aparelho celular, inclusive de terceiros.
A decisão foi motivada pela participação indireta de Bolsonaro nos atos de apoio realizados no domingo (3), quando um vídeo com sua manifestação foi publicado nas redes sociais de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Segundo Moraes, houve descumprimento da medida que proibia o uso de redes sociais, inclusive de terceiros.
De acordo com o ministro, Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro publicaram postagens com conteúdo atribuído ao pai, o que configuraria "claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e apoio, ostensivo, à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro".
O inquérito no qual Bolsonaro é investigado envolve também o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), acusado de articular, com apoio do governo de Donald Trump, ações de retaliação contra autoridades brasileiras. Eduardo está morando nos Estados Unidos desde março, alegando perseguição política.
O ex-presidente é réu na ação penal da trama golpista em tramitação no Supremo, cujo julgamento está previsto para setembro.