Com recorde previsto, etanol de milho consolida protagonismo de MS na bioenergia

Produção deve alcançar 4,9 bilhões de litros na próxima safra, com 42,8% derivados do milho

Por Redação
04/11/2025 12h15 - Atualizado há 1 semana
Com recorde previsto, etanol de milho consolida protagonismo de MS na bioenergia
(Créditos: Divulgação)
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Mato Grosso do Sul se destaca na produção de etanol de milho, alinhando sustentabilidade e competitividade. Com três usinas principais, a produção na safra 2024/2025 atingiu 4,3 bilhões de litros, e a projeção para 2025/2026 é de 4,9 bilhões de litros, com 42,8% derivados do milho. Esse crescimento impulsiona a rentabilidade dos produtores, fortalece a economia local e promove um modelo produtivo sustentável, integrando agricultura e indústria. O estado, já conhecido pela produção de etanol de cana-de-açúcar, cresce como um hub energético verde, gerando emprego e renda por meio de biocombustíveis.

Mato Grosso do Sul reforça seu protagonismo na bioenergia com o avanço da produção de etanol de milho, alternativa que alia sustentabilidade, competitividade e valorização do campo. Segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), o crescimento do setor está em sintonia com a meta estadual de neutralizar as emissões de carbono até 2030. Além de gerar empregos e atrair investimentos, o biocombustível se consolida como uma nova opção de comercialização para o produtor rural, impulsionando o desenvolvimento econômico e sustentável do estado.

Na safra 2024/2025, três usinas — duas da Inpasa Brasil, em Dourados e Sidrolândia, e uma da Neomille CerradinhoBio, em Maracaju — foram responsáveis por 38,1% dos 4,3 bilhões de litros produzidos em MS. Para o analista de economia do Sistema Famasul, Jean Américo, o cenário representa uma mudança de paradigma energético. “Estamos vivenciando uma transição energética, saindo de um combustível fóssil para um combustível renovável. O etanol, além de reduzir impactos ambientais, também representa um ganho econômico para o consumidor e para o produtor rural”, afirma.

Jean explica que a presença das indústrias em regiões estratégicas facilita o escoamento da produção e garante preços mais competitivos. “Com a produção ficando no estado, o produtor tem uma alternativa de comercialização que reduz custos logísticos e fortalece a renda. É uma oportunidade sustentável em todos os sentidos — ambiental, econômico e social”, completa.

De acordo com projeção da Conab, a produção de etanol deve atingir 4,9 bilhões de litros na safra 2025/2026, sendo 42,8% derivados do milho. O aumento da demanda das usinas estimula os produtores a manterem ou ampliarem a área cultivada de milho segunda safra, cuja expectativa atual é de 14 milhões de toneladas.

Para o consultor técnico da Famasul, Lenon Lovera, o impacto é direto no campo. “A demanda das usinas estimula o produtor a manter ou ampliar a área plantada de milho segunda safra, que se destaca como a principal cultura nesse período. O preço regional mais atrativo, os coprodutos e a sinergia com a pecuária incentivam o aumento da área cultivada e da rentabilidade”, explica.

A integração entre campo e indústria tem se mostrado um diferencial competitivo. O milho abastece as usinas, e os coprodutos retornam às propriedades rurais, reduzindo custos de produção e fortalecendo sistemas integrados como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Esse movimento tem impulsionado a instalação de fábricas de ração, centrais de distribuição e estruturas de confinamento próximas às unidades industriais, fomentando a economia regional e promovendo um modelo produtivo mais sustentável.

O presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de MS), Amaury Pekelman, destaca que o avanço do etanol de milho é um marco para o setor. “Mato Grosso do Sul, que já se destacava como o quarto maior produtor de etanol de cana-de-açúcar, potencializou nos últimos três anos sua capacidade com a produção de etanol de milho. Foi um passo estratégico para expandir e complementar o potencial do setor, consolidando o estado como um dos líderes em biocombustíveis sustentáveis”, avalia.

Com 19 usinas de cana e três de milho em operação, o estado consolida uma matriz energética diversificada e alinhada à agenda global de descarbonização. “Com tecnologia, eficiência e sustentabilidade, estamos transformando Mato Grosso do Sul em um hub energético verde, capaz de gerar emprego, renda e um modelo produtivo de baixo carbono para o Brasil e o mundo”, complementa Pekelman.

Além do combustível renovável, a cadeia do milho se fortalece com os coprodutos do processamento, como DDG (Distillers Dried Grains), WDG (Wet Distillers Grains), óleo de milho e CO₂ industrial, que abastecem a pecuária, suinocultura e avicultura, gerando ainda mais sinergia entre agricultura e proteína animal. “O DDG tem elevado teor de proteína e fibras, o que o torna uma base nutricional importante nas rações e reduz custos em momentos de alta dos grãos”, explica Lovera.

O Sistema Famasul acompanha de perto o desenvolvimento do setor, oferecendo assistência técnica, cursos e capacitação por meio do Senar/MS, além de promover campanhas de conscientização sobre o uso do biocombustível e apoiar políticas públicas voltadas à bioenergia.


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