Mato Grosso do Sul foi destaque nesta terça-feira (2) no 12º Fórum do Biogás, realizado em São Paulo. O secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, participou do painel “Estados pelo Clima – O uso do biogás e do biometano como estratégia na agenda de descarbonização”, que reuniu representantes de diferentes estados para debater o papel dos combustíveis renováveis na transição energética brasileira.
Promovido pela ABiogás, o encontro é o principal evento do setor no país e contou com cerca de 1,2 mil participantes, entre executivos, autoridades e especialistas. O painel foi moderado pela presidente-executiva da entidade, Renata Isfer, e teve ainda a participação da secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, e do subsecretário de Energia, Telecomunicações e Cidades Inteligentes de Goiás, Renato Lyra. A coordenadora de Energias Renováveis da Semadesc, Mamiule de Siqueira, também integrou a delegação sul-mato-grossense.
Durante sua fala, Verruck ressaltou que o biometano começa a assumir protagonismo na transição energética. “No início, quando se discutiam políticas públicas, a palavra biometano sequer aparecia. Sempre se falava em gás natural, sem uma visão de longo prazo. Agora, começamos a inserir essa molécula na lógica de combustível renovável, com contribuição efetiva para a descarbonização. Essa mudança é fundamental”, afirmou.
Ele comparou a importância do biometano hoje com a do etanol em décadas anteriores: “Assim como o etanol foi decisivo na substituição da gasolina e na renovação da frota, o biometano cumpre hoje papel estratégico na frota a diesel. Ele é o elo que conecta agro e energia no Brasil. Essa ligação pode consolidar a transição energética com base na produção sustentável”, completou.
Políticas de incentivo em MS
No evento, o secretário apresentou as medidas adotadas por Mato Grosso do Sul para estimular a produção e o uso do biometano, como:
• retirada quase integral da carga tributária sobre o setor;
• política de crédito presumido acumulado, que liberou em 2024 cerca de R$ 600 milhões ao setor sucroenergético;
• financiamento de projetos de ciência e tecnologia para diversificação de insumos além da vinhaça da cana;
• inclusão de linhas exclusivas para biogás e biometano no FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste), com juros de 8,5% ao ano.
Verruck lembrou ainda que o Estado adota desde 2017 o Plano MS Carbono Neutro 2030, transformando a sustentabilidade em diferencial competitivo. “Já substituímos 5 milhões de hectares de áreas degradadas por produção agrícola e silvipastoril, resultando em uma curva consistente de descarbonização. Agora, no setor de energia, criamos a Lei Estadual MS Renovável, que reduziu a zero a carga tributária para comercialização de biometano e desonerou a aquisição de equipamentos, estimulando investimentos. Já temos mais de R$ 1 bilhão em projetos em andamento”, destacou.
Entre as ações em andamento, ele citou a remuneração a produtores rurais que transformam biogás em biometano e vendem o excedente, além de editais de compra pública para estimular a oferta. Os principais desafios, segundo ele, ainda estão no preço e na logística, já que muitos projetos operam fora da rede (off-grid).
Como exemplo de inovação, Verruck mencionou a parceria entre o governo, a Suzano e empresas espanholas para testar caminhões movidos a gás em estradas não pavimentadas, no transporte de celulose e eucalipto. “Esse movimento amplia a frota a gás natural e prepara o caminho para a entrada definitiva do biometano. Ele é parte central da estratégia de descarbonização da economia sul-mato-grossense e da nossa meta de neutralidade até 2030. Representa não apenas uma alternativa energética, mas um vetor de competitividade e inovação para o Estado”, finalizou.