Mato Grosso do Sul lança o Zoneamento Agroecológico sul-mato-grossense (ZAE-MS), um abrangente diagnóstico de solos, elaborado pela Semadesc em parceria com a Embrapa Solos. O estudo, o mais completo do Brasil, mapeia a aptidão do solo e suas características, permitindo aos produtores e ao Estado orientações sobre uso sustentável e conservação ambiental. Com mais de 3.500 pontos de amostragem, a pesquisa identifica áreas adequadas para culturas diversas e estará disponível em plataformas digitais, incluindo um aplicativo para facilitar o acesso às informações.
Mato Grosso do Sul passou a contar com o mais completo diagnóstico de solos já realizado no Brasil. O resultado é fruto do Zoneamento Agroecológico sul-mato-grossense (ZAE-MS), estudo técnico de alta precisão que detalha as principais características e vulnerabilidades ambientais do solo e da vegetação, além de mapear a capacidade hídrica e a aptidão da terra para diferentes usos agrícolas.
O levantamento foi desenvolvido pela Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) em parceria com a Embrapa Solos, do Rio de Janeiro. A apresentação oficial ocorreu na quinta-feira (9), em Campo Grande, durante evento técnico promovido pela Semadesc, e reuniu autoridades e especialistas no auditório da Famasul.
Participaram da reunião o secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Rogério Beretta, o diretor-presidente da Agraer, Fernando Nascimento, o superintendente do Senar-MS, Lucas Galvan, e a chefe de Pesquisa da Embrapa Solos, Cláudia Pozzi Jantalia, além da equipe técnica da Semadesc. A exposição foi conduzida pelos pesquisadores Sílvio Bhering e Cesar Chagas.
Beretta destacou que o trabalho representa o maior compilado de informações sobre solos já feito no país. “É um trabalho realizado em parceria com a Embrapa Solos do Rio de Janeiro e com a equipe da Semadesc. Trata-se de um amplo estudo baseado numa série de informações muito grande. Mais de 3.500 pontos de amostragem de solo e mais de 3.000 pontos de análise de perfil de solo que fazem com que a gente tenha hoje o estudo mais completo de solos do Brasil. Mato do Sul hoje, como dito pelos próprios pesquisadores da Embrapa, tem a base de dados mais completa sobre os solos considerando o Brasil todo. Então isso dá para gente uma série de informações, desde a área ambiental, que vai permitir com que a gente saiba antecipadamente quais são as áreas de maior risco, de erosão, quais são as áreas mais suscetíveis à degradação, assim como também para o produtor”, explicou.
O secretário ressaltou ainda que o ZAE oferece segurança e direcionamento tanto para o Estado quanto para os produtores. “Quando um produtor quer fazer um investimento, ele pode consultar o mapa de solos, a aptidão daquelas áreas, as características do solo e os cuidados que ele tem que ter na atividade de exploração. Então isso permite tanto para o Estado, segurança na conservação, na preservação, no direcionamento do crescimento das áreas de soja, das áreas de pastagem e para o investidor também garante uma segurança muito maior quando ele vai escolher áreas de ampliação de plantio”, complementou.
A chefe de Pesquisa da Embrapa Solos, Cláudia Pozzi Jantalia, reforçou a relevância do projeto para a capacitação técnica e disseminação do conhecimento. “Este estudo, caracterizado por seu alto nível de detalhamento, representa um marco, pois resultou em Mato Grosso do Sul como o estado com o maior volume de dados sobre solos no Brasil. O objetivo da capacitação é habilitar os técnicos a repassar esse conhecimento aos produtores rurais. A iniciativa visa, portanto, garantir que a informação chegue ao produtor. Para isso, é fundamental que os técnicos compreendam a capacidade natural dos solos e seus processos de formação”, enfatizou.
Durante a apresentação, foram abordados os fatores que influenciam a formação do solo, como geografia e capacidade de armazenamento de água. “Ao compreender todos esses aspectos, é possível direcionar a escolha da cultura ideal, otimizando a produção agrícola e evitando investimentos em culturas inadequadas para a região. O estado, por meio dessa iniciativa, busca ampliar o leque de opções de culturas”, acrescentou.
Cláudia destacou que o conhecimento gerado tem validade de longo prazo e importância estratégica diante das mudanças climáticas. “Essa base de conhecimento, especialmente relevante diante das mudanças climáticas, oferece dados com validade de longo prazo. A estabilidade das informações sobre o solo, que não se alteram rapidamente, é um diferencial. O apoio do Governo do Estado, juntamente com a colaboração da Embrapa, que é uma instituição federal, foi fundamental para a realização desse projeto e para a disseminação do conhecimento”, elogiou.
O estudo
O zoneamento envolveu mais de 3.500 coletas de amostras de solo em cerca de 3 mil pontos do Estado. As análises foram realizadas nos laboratórios da Embrapa Solos (RJ) e da Esalq/USP (SP), identificando propriedades químicas, físicas e biológicas de cada tipo de solo. Foram abertos perfis, realizados testes de infiltração e mapeadas as zonas agroecológicas, restrições ambientais e aptidões agrícolas.
Segundo o pesquisador Cesar Chagas, o trabalho foi dividido em três etapas: na primeira, foram estudados 11 municípios; na segunda, 22 municípios do Pantanal; e, na terceira, outros 46 municípios. A planície pantaneira não foi incluída por ser área de preservação ambiental, o que também está sinalizado nos mapas produzidos.
O levantamento aponta que cerca de 234 mil km² do território sul-mato-grossense — aproximadamente 65% da área total do Estado — é considerada apta para atividades agropecuárias, incluindo zonas agrícolas, de pastagem, silvicultura e culturas especiais com uso de drenagem.
As demais áreas englobam o Pantanal, zonas urbanas, terras indígenas, unidades de conservação e áreas de restauração ambiental, conforme o Código Florestal. O estudo detalha ainda a aptidão para o cultivo de arroz, trigo, milho, soja, aveia, girassol, amendoim, sorgo e cana-de-açúcar, entre outras culturas.
O zoneamento completo estará disponível em breve na plataforma tecnológica do PronaSolos, hospedada no portal do Ministério da Agricultura, com acesso também pelos sites da Semadesc, do Governo de Mato Grosso do Sul (GovMS) e pela plataforma MS em Mapas. Um aplicativo com acesso off-line também será lançado para facilitar o uso das informações em campo.