A SES de Mato Grosso do Sul alerta sobre o aumento da atividade de escorpiões com a chegada do calor, prevendo um pico de acidentes entre agosto e novembro. Até julho de 2025, já foram registradas 3.436 ocorrências, com a maior parte concentrada em Campo Grande. Crianças menores de 10 anos são as mais vulneráveis, representando 60% dos casos graves. O soro antiescorpiônico está disponível em 67 municípios, e a vigilância inclui monitoramento de outros animais peçonhentos. Recomendações de prevenção foram divulgadas, como manter camas afastadas das paredes e controlar baratas, alimento para escorpiões.
Com a chegada do período mais quente e úmido do ano, a SES (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul) reforça o alerta para o aumento da atividade de escorpiões no Estado. Entre agosto e novembro, historicamente, ocorre o pico de registros de acidentes, e em 2025 o cenário já preocupa: até julho, foram notificadas 3.436 ocorrências.
“Os acidentes com escorpiões apresentam uma sazonalidade bem marcada. Durante os meses frios, os casos costumam diminuir. Mas, com o fim do inverno e o início do calor, como agora em agosto, começamos a observar um aumento nos registros. Isso se deve a fatores ambientais, como o aumento da temperatura e da umidade, que favorecem a atividade dos escorpiões, especialmente por ser também o período reprodutivo desses animais”, explica o biólogo Isaías Pinheiro.
Dados da Vigilância em Saúde Ambiental mostram que, nos últimos cinco anos, as notificações vêm crescendo. Em 2020 foram 2.952 casos, enquanto em 2023 o número subiu para 5.303. Campo Grande concentra a maior parte das ocorrências, seguida por Três Lagoas e Dourados.
Crianças são as mais vulneráveis
Embora a maioria dos acidentes seja de baixa gravidade, 60% dos casos graves envolvem crianças menores de 10 anos. “Infelizmente, já tivemos a perda de duas crianças recentemente, o que reforça a importância de mantermos a vigilância ativa e o apoio técnico aos municípios durante este período crítico. Estamos constantemente reforçando a estrutura da rede hospitalar com a disponibilização do soro antiescorpiônico, que está disponível em unidades de referência de todas as regiões, garantindo atendimento rápido e adequado em casos graves”, destaca Karyston Adriel, coordenador da Vigilância em Saúde Ambiental da SES.
Soro disponível em 67 municípios
O soro antiescorpiônico está disponível em unidades hospitalares de 67 cidades, incluindo hospitais estratégicos como o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, e unidades em municípios com alta incidência, como Três Lagoas, Corumbá e Dourados.
Além disso, o Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) oferece orientação à população e a profissionais de saúde para atendimento a acidentes com animais peçonhentos.
Monitoramento e prevenção
O acompanhamento dos casos é feito com base nas notificações do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação). O trabalho de vigilância também se estende a outros animais peçonhentos, como cobras e abelhas, que intensificam a atividade no calor.
“Aqui no Mato Grosso do Sul, temos dois tipos principais de escorpião-amarelo. Um deles é menos perigoso, mas o outro — o Tityus serrulatus — pode causar acidentes graves e até levar a óbito, especialmente em crianças. O Estado trabalha com um modelo de vigilância contínua e descentralizada. É importante entender que não é possível erradicar a população de escorpiões, mas podemos reduzir os riscos por meio da educação ambiental e de práticas preventivas simples”, completa Isaías Pinheiro.
Cuidados recomendados pela SES
• Manter camas afastadas das paredes;
• Não deixar cobertores encostando no chão;
• Verificar lençóis, roupas e debaixo das camas antes do uso;
• Fechar ralos e tampar pias e tanques;
• Evitar acúmulo de entulho e materiais que sirvam de abrigo;
• Controlar baratas, alimento para escorpiões, com dedetização periódica a cada 3 a 6 meses.