Fundect investe em projeto de telessaúde que levará atendimento especializado a aldeias indígenas de Dourados

Projeto financiado pela Fundect com R$ 80 mil permitirá consultas à distância entre profissionais do HU-UFGD e comunidades das aldeias Jaguapiru e Bororó

Por Redação
09/10/2025 06h51 - Atualizado há 5 horas
Fundect investe em projeto de telessaúde que levará atendimento especializado a aldeias indígenas de Dourados
(Créditos: Divulgação)

Com o investimento de R$ 80 mil da Fundect, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), integrante da Rede Ebserh, finalizou a entrega dos equipamentos que marcam o início do projeto de telessaúde nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados (MS).

A iniciativa, conduzida pela Unidade de E-Saúde e pelo Núcleo de Saúde Indígena do hospital, tem como propósito ampliar o acesso das comunidades indígenas a atendimentos especializados sem a necessidade de deslocamento até a área urbana. Por meio de tecnologias de conectividade e videoconferência, o projeto busca promover um cuidado contínuo e humanizado, respeitando as especificidades culturais e linguísticas das populações que vivem na Reserva Indígena de Dourados — uma das maiores reservas urbanas do país.

Os recursos da Fundect foram aplicados na compra de equipamentos de informática e comunicação, como computadores de alto desempenho, monitores, webcams 2K e headsets profissionais. Todos os itens já foram instalados em duas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) das aldeias Jaguapiru e Bororó. O fomento também possibilitou a ampliação da equipe técnica e operacional responsável pelo projeto.

De acordo com o gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD/Ebserh, o médico psiquiatra Thiago Pauluzi, o modelo integra os profissionais que atuam diretamente nas aldeias às equipes médicas do hospital. “O projeto da implantação da telessaúde vai funcionar da seguinte maneira: nós mapeamos as especialidades que a comunidade indígena mais precisa. De um lado, teremos o médico dentro do território indígena, que trabalha aqui dentro da comunidade, e eles vão atender os pacientes. Vão surgir algumas dúvidas em determinadas especialidades, como a cardiologia, a psiquiatria e a endocrinologia. Essas dúvidas poderão ser sanadas de duas maneiras: ou através de telematriciamento, quando eles atendem o paciente e discutem conosco, dentro do Hospital Universitário, os casos; ou pela teleinterconsulta, onde o paciente pode estar junto com a médica aqui e eu, por exemplo, lá dentro do Hospital Universitário, acompanhando o atendimento — no caso, psiquiátrico — auxiliando no diagnóstico e também na questão terapêutica e de devidos encaminhamentos”, explicou.

Pauluzi ressaltou ainda o caráter formativo do projeto. “Além da questão de assistência, a gente faz também a parte de ensino, matriciando os profissionais e desenvolvendo habilidades e competências para que possam conduzir os casos mais frequentes”, completou.

A médica da UBSI da aldeia Bororó, Lutiana Lobo Benites Villamaior, destacou o impacto positivo da iniciativa na rotina dos atendimentos. “Nós fazemos o atendimento de indígenas que vivem em extrema miséria e têm uma dificuldade muito grande de irem até a cidade. Essa distância territorial acaba interferindo no atendimento do paciente quando ele busca um atendimento especializado. Tendo a telemedicina aqui no território, vai diminuir essa distância. O paciente vai ter a facilidade de estar na aldeia e poder ser atendido por um especialista. Vai diminuir fila, diminuir tempo de espera e nós vamos conseguir resolver mais os problemas de saúde da população”, afirmou.

As lideranças indígenas também comemoraram o avanço. Para Alex Rodrigues Cavalheiro, da aldeia Bororó, o projeto representa um marco importante. “Estamos aqui nesta manhã para trazer uma grande novidade para a comunidade da aldeia Bororó e para a aldeia Jaguapiru também. Estamos aqui na implantação do telessaúde. Os equipamentos estão sendo instalados na aldeia Jaguapiru e também na UBSI da aldeia Bororó. Estamos aqui para agradecer essas parcerias do HU-UFGD juntamente com o Dsei, com o Polo Base de Dourados, com as equipes multidisciplinares e também com a liderança. Estamos muito felizes por essa conquista, por este avanço que estamos tendo na saúde indígena”, declarou.

O representante do Polo Base da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Adalberto Araújo Corrêa, reforçou o impacto coletivo da ação. “Quero agradecer pela confiança do HU-UFGD na saúde indígena, investindo na telessaúde, que vem trazer benefício para a comunidade indígena e também para os nossos profissionais, que vão estar operando esse sistema”, afirmou.

Segundo Pauluzi, a próxima etapa do projeto será dedicada à capacitação das equipes. “A primeira fase foi a entrega dos equipamentos. Uma nova fase posterior vai ser a capacitação. Nós vamos treinar os profissionais a se familiarizarem com os recursos de telemedicina, as técnicas aplicadas de matriciamento e de interconsulta. Depois, vamos oferecer os alinhamentos com as especialidades. A ideia é que, nos próximos meses, a gente esteja atuando de maneira mais efetiva, fazendo esse vínculo e capacitando as equipes, não só médicas, mas multiprofissionais também”, explicou.

O Hospital Universitário da UFGD integra a Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde setembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh é responsável pela gestão de 45 hospitais universitários federais em todo o país, fortalecendo o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e incentivando a formação profissional, a pesquisa científica e a inovação na área da saúde.


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