O papel estratégico do Pantanal na agenda climática e no desenvolvimento sustentável esteve no centro das discussões da Pré-COP30: Bioma Pantanal, realizada em Campo Grande. O evento reuniu autoridades, pesquisadores, sociedade civil e setor produtivo para debater governança, financiamento climático e preservação do bioma.
No painel técnico-político “Financiamento Climático e Meios de Implementação”, o secretário-adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Falcette, destacou a importância de consolidar mecanismos jurídicos, financeiros e institucionais para conquistar a confiança de investidores. Segundo ele, atrair recursos internacionais exige governança sólida, transparência e responsabilidade.
“Muitas vezes existe a percepção de que captar esse tipo de financiamento é simples, mas o processo é complexo. Não há transações diretas: toda captação internacional depende de governança sólida, legislação clara e instrumentos que transmitam confiança ao investidor. Essa construção leva tempo e precisa ser feita com responsabilidade”, afirmou.
O secretário-adjunto reforçou ainda que, além da preservação ambiental, os aportes financeiros também envolvem interesses de mercado, já que empresas e organismos internacionais buscam associar suas marcas a resultados concretos de conservação. Para isso, mecanismos de governança devem assegurar monitoramento, visibilidade e transparência dos resultados.
Outro ponto levantado foi a limitação orçamentária do setor público. Falcette lembrou que a maior parte da receita estadual é destinada a áreas como saúde, educação e folha de pagamento, restando pouco espaço fiscal para políticas ambientais. “A única forma de dar robustez à política ambiental é atrair investimentos, desenvolver o território e transformar crescimento econômico em capacidade de financiar a preservação. Não existe contradição entre desenvolvimento e conservação; pelo contrário, é a geração de riqueza que fortalece as políticas ambientais”, disse.
O painel contou ainda com Alexandre Bossi (SOS Pantanal) e Renato Roscoe (Instituto Taquari Vivo), que ampliaram o debate com a visão de organizações da sociedade civil.
Na sequência, o painel “Mudanças Climáticas e Biodiversidade” discutiu as interfaces entre clima, biodiversidade e produção pecuária, defendendo o Pantanal como modelo de integração entre conservação e atividades econômicas de baixo impacto. Participaram Alex Marega (Semad/MT), Thiago Copolla e Walfrido Moraes Tomas (Embrapa Pantanal), e João Paulo Franco (CNA), com moderação de Fabio Bolzan (Semadesc).
Realizada no auditório da Faculdade Insted, a Pré-COP30 reuniu cerca de 400 participantes. A abertura oficial contou com a presença do governador Eduardo Riedel, que reforçou o protagonismo do Pantanal no enfrentamento das mudanças climáticas e sua relevância como ativo estratégico do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono.
O encontro fez parte da preparação para a COP30, que acontecerá em 2025, em Belém (PA), com o objetivo de consolidar propostas que garantam meios de financiamento, adaptação, mitigação e preservação dos biomas nacionais.