O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) deu início, nesta semana, a uma nova etapa no processo de reabilitação de animais silvestres. Dois filhotes de tamanduá-bandeira foram levados ao Instituto Tamanduá, em Aquidauana, para iniciarem a fase de adaptação em ambiente natural, considerada fundamental antes da soltura definitiva.
Entre os animais está uma fêmea encontrada órfã em novembro de 2024, na zona rural de Campo Grande. Quando chegou ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), pesava apenas 1 kg e ainda não havia aberto os olhos. Dez meses depois, com 15 kg e se alimentando de forma mais independente, segue firme no processo de transição. A expectativa é que complete o tempo de aleitamento em novembro, consolidando sua autonomia.
O outro é um macho resgatado em maio deste ano, também órfão. Ele chegou com 2,5 kg e cerca de dois meses de idade. Após quatro meses de internação e cuidados especializados, alcançou 10 kg e avança no desenvolvimento. A previsão é que sua soltura definitiva ocorra em 2026, quando atingir o porte necessário para sobreviver em ambiente natural.
No CRAS, os tamanduás órfãos passam em média seis meses em cuidados intensivos. Durante esse período, iniciam o desmame e aprendem a se alimentar sozinhos. Ao atingirem entre 15 e 20 kg, são encaminhados para áreas de pré-soltura, onde recuperam instintos e aprendem a explorar o ambiente. A soltura definitiva ocorre quando atingem cerca de 30 kg, peso que garante maior chance de sobrevivência.
Conservação da espécie
O diretor-presidente do Imasul, André Borges, destacou a importância desse trabalho. “Cada animal resgatado e reabilitado é uma vitória para o meio ambiente. Os dois casos mostram a importância da atuação do Imasul em defesa da nossa fauna, garantindo que espécies emblemáticas como o tamanduá-bandeira tenham novas chances de sobreviver e cumprir seu papel na natureza.”
A médica-veterinária Paloma, responsável pelo setor de neonatologia, ressaltou a emoção em acompanhar a evolução dos animais. “Eles chegam muito frágeis, dependentes, e ao longo dos meses vão ganhando força, aprendendo a se alimentar sozinhos, a explorar o ambiente, aprimorando seu comportamento natural. Ver um tamanduá que entrou no setor recém-nascido ou com poucos quilos, ser encaminhado com 15kg ou mais, saudável e pronto para dar os próximos passos rumo à vida livre, é extremamente gratificante. É a certeza de que nosso trabalho faz a diferença para a espécie e para o meio ambiente.”
A gestora do CRAS, Aline Duarte, também reforçou o valor da dedicação das equipes. “Cada filhote que chega até nós carrega uma história de fragilidade e risco, mas também uma oportunidade de recomeço. É um processo longo, que exige dedicação e equipe preparada, mas quando vemos esses animais seguindo para o ambiente natural, temos a certeza de que todo o esforço vale a pena. É gratificante saber que estamos contribuindo para manter viva a biodiversidade do nosso Estado.”
O envio dos dois tamanduás para Aquidauana simboliza não apenas o início de uma nova fase para os animais, mas também o compromisso do Imasul com a preservação da biodiversidade sul-mato-grossense.