Por Victória Bissaco
Quanto se é necessário lutar para ter uma saúde pública de qualidade? Ou um salário digno? O ano está próximo de se encerrar e a equipe do MS Conecta reuniu alguns momentos marcantes da área da Saúde em Mato Grosso do Sul que ficarão na lembrança de 2023.
Vacinas
A leva de vacinas contra pandemias e epidemias não encerrou com a pandemia. O estado recebeu diversos mutirões para imunização da população com doses pendentes do imunizante contra a covid-19. Shoppings, Corpo de Bombeiros, unidades de saúde e até supermercado foram pontos de promoção da saúde da população.
A imunização contra o coronavírus, por exemplo, atingiu 81,2% da população campo-grandense com a 1ª dose, o equivalente a 741.374 dos 897.938 residentes da capital.
Outra vacina que não saiu da boca do povo neste ano foi o imunizante contra a Influenza. Além dos grupos prioritários, a vacina foi estendida para toda a população devido aos preocupantes casos da doença. Foram 65 óbitos em 2023, com 484 confirmados para a doença.
Para aumentar essa cobertura vacinal, o Governo do Estado lançou a estratégia “MS Vacina Mais”. Foram disponibilizados R$ 1,2 milhão o qual deverá ser empregado exclusivamente para pagamento de incentivo financeiro aos trabalhadores de saúde das secretarias municipais de saúde, designados para atuarem nas salas de imunização, a fim de custear plantões e horas extras, com o intuito de fortalecer e expandir as ações de imunização, possibilitando a realização de estratégias que contribuam para a melhoria das coberturas vacinais no Estado.
Uma melhoria da qualidade de vida, que parecia algo tão distante, fez parte da história do estado neste ano. Sim, estamos falando da vacina contra a Dengue, que, apenas neste ano, fez 40.887 vítimas, conforme último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgado em 20 de dezembro. Essa conquista é recente, o imunizante, por exemplo, foi incorporado um dia depois (21), no Sistema Único de Saúde (SUS), e não exclusiva do estado.
Cirurgias
O programa ‘MS Saúde: Mais Saúde, Menos Fila’, que realiza procedimentos para reduzir filas de cirurgias e outros procedimentos, por sua vez, é exclusividade de Mato Grosso do Sul. O projeto foi implanto em maio e teve adesão inicial de 33 municípios. Foram diversos procedimentos cirúrgicos foram realizados nas especialidades de cirurgia geral, oftalmológica, vascular, ortopédica, otorrinolaringologia, urológica e ginecológica.
O balanço mais recente do programa, divulgado no início do mês, contou com 37 estabelecimentos de 32 municípios os quais fizeram a adesão para a realização de cirurgias eletivas. Outros 33 estabelecimentos de saúde de 19 municípios fizeram a adesão para a realização de exames com a finalidade diagnóstica. Com recurso federal, há 22 estabelecimentos de saúde de 20 municípios que estão credenciados para a realização de cirurgia eletiva.
Direitos e superlotação
Outros acontecimentos significados na área da Saúde neste ano foram a luta da Santa Casa pelo desafogamento de leitos de urgência e emergência e a de profissionais da enfermagem pelo pagamento do piso salarial. Em abril, a Santa Casa tornou pública a primeira onda de superlotação dos leitos.
“Não temos condições de receber novos pacientes devido ao risco de desassistência. Destacamos que a Santa Casa de Campo Grande tem assumido o seu compromisso de prestar a assistência adequada aos pacientes, mas o cenário que vivemos hoje torna-se um risco iminente”, informou o hospital em nota. Na ocasião, 24 pacientes estavam na área vermelha do pronto-socorro, enquanto a capacidade do setor é de 6 leitos, enquanto, na área verde, 43 pacientes ocupavam um setor que tem capacidade para seis leitos.
A última superlotação deste ano foi divulgada em outubro. Na ocasião, às 09h do dia 3, cerca de 97 pessoas estavam lotadas na unidade. Dos pacientes em espera, cinco aguardavam avaliação ortopédica.
Na parte de conquistas, os enfermeiros de Mato Grosso do Sul conseguiram, após meses de luta, o reajuste do piso salarial. Instituído pela lei Lei 14.434, de 2022, o piso nacional para enfermeiros ficou em R$ 4.750, enquanto técnicos e auxiliares devem receber ao menos, respectivamente, 70% e 50% dos valores do piso dos enfermeiros - ou seja, R$ 3.325 e R$ 2.375 (aqui se incluem também parteiras).
A importância da implementação da Lei do Piso é uma luta histórica de mais de 30 anos. Em Campo Grande, 12 entidades receberão repasses da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), totalizando R$ 3,65 milhões na nona parcela do piso. O maior valor deve ser destinado à Santa Casa, com R$ 1,91 milhão. A Associação De Amparo à Maternidade e à Infância (Maternidade Cândido Mariano) vem em seguida com R$ 606,92 mil.
Casa da Saúde
A mudança de endereço da Casa da Saúde também fica na lembrança dos sul-mato-grossenses neste ano. Em setembro, a SES anunciou a transferência de local, de maneira provisória, para o Centro de Convenções Albano Franco, em Campo Grande.
A alteração de endereço foi motivada após a avaliação do antigo prédio e constatada a inviabilidade da reforma.
“Encontramos situações que poderiam gerar risco tanto para quem trabalha quanto para quem passa por lá, então a primeira decisão que tomamos foi em relação a preservação da vida das pessoas que frequentavam o prédio antigo que já não se encontrava em boas condições”, explicou o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões em coletiva de imprensa.
Um novo prédio permanente para a Casa da Saúde ainda não foi definido e os atendimentos seguem no Albano Franco.