Por redação
O Banco Central do Brasil promoveu, nesta quinta-feira (7), a primeira edição do "Encontro Anual Drex", centrado na nova moeda digital brasileira, com previsão de lançamento para 2024. Durante o evento, executivos do banco compartilharam detalhes sobre o projeto, apresentando detalhes, expectativas e reflexões. O Drex é uma iniciativa dedicada ao desenvolvimento do Real Digital, a representação na blockchain da moeda brasileira. Mantendo o mesmo valor que o papel-moeda, ele se configura como uma extensão do dinheiro físico.
Ricardo Mourão, chefe de gabinete da Diretoria de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, revelou que a tecnologia blockchain e DLT, utilizadas para o desenvolvimento do Drex, já estavam sob estudo pela autarquia antes mesmo de serem consideradas para o projeto do Pix, como uma alternativa de processamento para o STR. Embora não tenham sido adotadas para o Pix, essas tecnologias agora desempenham um papel crucial no projeto do Drex, abrindo caminho para possíveis avanços na tokenização de ativos no cenário financeiro brasileiro.
O chefe do Departamento de Operações Bancárias e de Sistemas de Pagamentos do Banco Central, Rogério Lucca comentou que “sempre houve essa discussão e essa preocupação do uso da tokenização e da tecnologia no âmbito das infraestruturas do mercado financeiro”. Especialistas da CVM também disseram acreditar em um futuro com “tokens naturais digitais”.
Outro acontecimento previsto após o lançamento do Drex é a convergência das finanças tradicionais com as finanças descentralizadas (DeFi), que oferecem serviços financeiros através da tecnologia blockchain e criptomoedas.
Impacto de DeFi no mercado financeiro - Nesse sentido, Rogério Lucca comentou sobre o impacto de DeFi e da tecnologia blockchain nos serviços na organização do mercado financeiro para uma economia tokenizada no painel “O papel das IMFs na transição para a economia tokenizada”.
“Acho que temos que separar o serviço e a instituição. O serviço que é prestado pelas instituições de mercado financeiro é essencial e vai continuar sendo prestado em uma economia tokenizada. Talvez com uma tecnologia e organização diferentes, mas vai continuar”, disse Lucca.
Rogério acrescentou que “você tem hoje em dia um ambiente e uma tecnologia que presta um serviço que também é prestado pelo mercado financeiro. Se por um lado vc tem agentes emergentes que muitas vezes não são regulados e começam a usar essa tecnologias para prestar serviços do mercado financeiro, por outro lado você tem uma reação também que são as próprias infraestruturas começando a prestar um serviço baseado nessa tecnologia e nessa organização diferente”.
“E um terceiro ponto é a entrada do BC e dos reguladores nesse ambiente como operador em grande parte provendo uma moeda de liquidação mas discutindo de uma forma geral no mundo afora e mais especificamente no caso aqui do Brasil, a construção de uma plataforma multiativos de forma distribuída que possa colher e tokenizar uma gama mais ampla de ativos financeiros”, concluiu o executivo do BC.
Entregas previstas no piloto do Drex - Durante sua participação no painel, Rogério ainda acrescentou que uma das entregas já previstas desde o piloto para o Drex é a entrega contra pagamento no nível do cliente final. “Hoje em dia a gente tem entrega contra pagamento no nível das instituições financeiras, então a tecnologia permite que você traga isso para o nível do cliente final. A atomicidade da liquidação permite que você faça uma liquidação em tempo real”.