Por Victória Bissaco
A cada ano que passa, o cenário do rap na capital aumenta. Uma das atividades dentro desse gênero é a batalha de rap, onde artistas exibem habilidades, compartilham perspectivas e se conectam com o público de maneira única. Em Campo Grande, a Batalha da Pista (BDP), que ocorre quinzenalmente às quartas-feiras na Orla Morena, é um dos eventos que une os amantes, artistas e entusiastas do gênero.
A batalha de rima é uma forma de competição verbal em que os participantes improvisam letras de rap em um formato de confronto. Essas batalhas costumam ocorrer em locais públicos, em palcos improvisados ou até mesmo em eventos específicos dedicados ao rap e à cultura hip-hop.
Na capital sul-mato-grossense, o produtor cultural Cruel MC é um dos organizadores das batalhas de rima. Cruel MC explica que as batalhas promovem a inclusão de minorias na capital, algo muito característico da cultura do Hip Hop. “Nosso trabalho acontece na região central e isso facilita o acesso de pessoas de todas as regiões de Campo Grande. Recebemos diversos públicos e procuramos fazer com que todos se sintam à vontade em nossos ambientes”.
São pouco mais de dois anos de realização das batalhas em Campo Grande. Em 14 de setembro, foi feita mais uma BDParty, a festa que marca a criação do movimento na capital, além de unir tanto os artistas quanto o público do Hip Hop na capital.
A festa iniciou por volta das 20h30, no Ponto Bar, um estabelecimento localizado na região na Esplanada Rodoviária conhecido por promover eventos culturais. Neste ano, a programação teve o repertório marcado por TGB, Lady Afro, DJ Julio Prodigy e a dupla Poka Pala, porém, nomes como DJ’s Chico, Lady Afro, TGB, Magão, Miliano, RCR e SoulRa já apareceram na edição passada da festa.
Inclusão
A Batalha da Pista tem um comprometimento com a reparação histórica de danos causados pelo preconceito da sociedade. Nas batalhas campo-grandenses, pelo menos 25% das vagas são destinadas para pessoas que se enquadram nesse perfil, uma forma de incentivo e atração de mais representantes. “A exemplo disso temos os métodos de inclusão de mulheres e LGBTQIA+ como participantes da batalha de rima”, comenta Cruel.
A MC La Brysa foi uma das participantes e vencedoras da 2ª edição da BDParty. A MC, atualmente, atua na promoção das batalhas de rima em Três Lagoas, cidade localizada a cerca de 330 quilômetros da capital. Para La Brysa, o cenário do Hip Hop tem todas as possibilidades de ser mais inclusivo no quesito de artistas e público feminino. “Eu espero que daqui a dois anos cada cidade que tenha batalha tenha pelo menos duas mulheres rimando. Ainda é muito difícil para nós”.
Uma das formas de atrair o público e trazer mais visibilidade para as batalhas é com festas temáticas. Neste ano, a ideia da BDParty, conforme Cruel, foi fazer uma pequena retrospectiva dos anos 90 até a atualidade. “Estamos vivendo o ano do cinquentenário do Hip Hop e seria interessante que, musicalmente, as pessoas sentissem um pouco de nostalgia na pista de dança”.
O apresentador da festa, CJ afirmou que eventos culturais do tipo agregam mais visibilidade. “Eventos como esse trazem visibilidade para a periferia. E, além disso, trazem um público diferente do que o costumeiro desses eventos underground”. Para o MC Tony Jazz, que também esteve presente na segunda edição da BDParty, a participação de crianças e adolescentes nas batalhas é uma forma de popularizar o acesso e propagação do Hip Hop.