Guia de ecoturismo faz enterro digno a tatu que caiu em piscina no Pantanal

Jefferson, como foi apelidado o tatu, foi enterrado na propriedade onde caiu; "ficamos bem chateados", definiu o guia Fábio Paschoal

27/11/2023 00h00 - Atualizado em 27/11/2023 às 21h23

Por Victória Bissaco

Há 15 anos trabalhando como guia de ecoturismo e fotógrafo da natureza, Fábio Paschoal resolveu dar dignidade ao querido tatu Jefferson, que foi encontrado afogado em uma piscina da zona rural de Miranda, região do Pantanal sul-mato-grossense. "Foi muito triste porque o bicho morreu aqui, caiu na piscina e não conseguiu sair. A gente ficou bem chateado. Ele vivia aqui com a gente, era nosso vizinho", definiu.

Paschoal explica que saiu para trabalhar na última sexta-feira (24) e, ao retornar, encontrou a tela da piscina com um lado mais elevado. Ao retirarem a proteção, acharam "Jefferson", apelido carinhoso que dá aos animais da espécie que ali vivem. "A gente enterrou ele aqui no quintal de casa mesmo. [...] Agora a gente fez um memorialzinho ali para ele. Que ele vá em paz".

O profissional contou também que essa foi a primeira vez em 15 anos que presenciou o acidente deste tipo no local onde trabalha. "Ele morava aqui e visitava nosso quintal. Constantemente a gente vê vários tatus aqui, eles vêm e vão conforme a vontade deles. São todos animais selvagens. Não damos comida para eles, mas eles encontram comida aqui nas redondezas e estão sempre por aqui, cavando buracos no nosso quintal. E a gente gosta muito de ter eles por perto", conta.

Fábio Paschoal é natural de São Paulo e há uma década e meia se apaixonou pelas belezas sul-mato-grossenses. Antes de se tornar guia de ecoturismo no Pantanal, cursou Biologia. "Eu não queria seguir o caminho que todo mundo segue, todos os biólogos seguem, que normalmente é dar aula ou fazer pesquisa. Queria conhecer os biomas do Brasil. Então, eu fiz um curso técnico em turismo", conta.

Em 2008, foi contratado para integrar o time da Fazenda Caiman, onde trabalhou por dois anos. Depois, foi para um hotel na Amazônia, também como guia de ecoturismo. Paschoal conta que "depois de três anos no mato, estava com saudade de ver gente". Foi para São Paulo e começou a trabalhar como repórter e editor da National Geographic Brasil por cinco anos.

"E aí, depois desse período, a revista parou de ser publicada aqui no Brasil. E eu voltei a guiar. Nos últimos três anos eu tenho vindo aqui para o Pantanal para trabalhar na alta temporada. Então, eu fico aqui durante os meses de alta, que agora está se estendendo". Neste ano, chegou em abril e retorna ainda neste mês de novembro para casa.

Mesmo assim, a paixão pelos animais e pelo Pantanal devem trazê-lo mais vezes ao Mato Grosso do Sul. "Nesse período que eu fico em São Paulo, faço tradução, vendo as minhas fotos e espero a outra temporada chegar de novo no Pantanal. Mas eu já estou pensando em sair lá de São Paulo e vir aqui para o Mato Grosso do Sul, que aqui o Pantanal é o lugar que eu amo realmente, que é onde eu gosto de estar".

É com esse carinho pela vida selvagem que Fábio Paschoal lembrará do visitante tatu que alegrava muitos de seus dias. "A gente ficou triste, né? Porque... É uma vida que se foi. Vai em paz, Jefferson".


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