Taxa de obesidade em crianças e adolescentes aumentou no Brasil

Causas são o consumo de ultraprocessados e falta de exercícios físicos

25/11/2023 00h00 - Atualizado em 25/11/2023 às 17h59

Por redação

Durante o período da pandemia de covid-19, nos anos de 2019 a 2021, o índice de crianças com excesso de peso no Brasil aumentou. De acordo com dados do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância - Fiocruz/Unifase), houve um crescimento de 6,08% entre as crianças de até cinco anos e um aumento de 17,2% no grupo de 10 a 18 anos. O excesso de peso engloba tanto casos de sobrepeso quanto de obesidade.

Os resultados do estudo, fundamentados no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan-WEB), revelam que a redução das atividades físicas e uma a alimentação ruim, como alto consumo de ultraprocessados, são as principais causas dos problemas de peso. Embora tenha ocorrido melhoria nos período subsequente, os percentuais permanecem elevados. Em 2022, a taxa de crianças de até cinco anos com excesso de peso alcançava 14,2%, enquanto a de adolescentes se mantinha em 31,2%.

O pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini explica que “a obesidade infantil e de adolescentes no Brasil ainda é uma grande preocupação de saúde pública. Apesar de observarmos uma queda nos últimos anos, o Brasil ainda possui números acima da média global e da América Latina. Nos anos de pandemia, observamos um aumento nos índices de obesidade infantil, possivelmente como consequência do aumento no consumo de ultraprocessados durante o período de isolamento”.

O cenário pós-pandemia, entre 2021 e 2022, melhorou, apesar de continuar com percentuais altos. O número de crianças com excesso de peso teve um recuo de 9,5% e o de adolescentes queda de 4,8%. No ano passado, a taxa de crianças de até cinco anos com excesso de peso era de 14,2%. A de adolescentes estava em 31,2%.

O último grupo é o que mais preocupa os pesquisadores do Observa Infância. Pelas análises das séries históricas, há uma tendência de queda do problema entre as crianças, principalmente depois do período de isolamento. Mas entre os adolescentes, a queda aconteceu apenas entre 2021 e 2022. No longo prazo, a tendência é de crescimento do excesso de peso.

A comparação com outros países mostra que a situação no Brasil é mais crítica. Aqui, em 2022, há três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global (14,2% no Brasil e 5,6% na média global). Sobre os adolescentes, a média nacional é quase o dobro da global: 31,2% contra 18,2%.

“Acreditamos que os altos números da obesidade infantil no Brasil devem muito à falta de regulação dos alimentos ultraprocessados no país. A partir de outubro de 2023 passa a vigorar plenamente a nova rotulagem frontal dos alimentos industrializados, indicando os excessos de sal, gorduras saturadas e açúcares na parte frontal das embalagens. As crianças são muito suscetíveis a esses produtos e acreditamos que a implementação dessa política terá algum impacto nos números de obesidade a partir deste ano”, diz Boccolini.

“Este estudo serve como um chamado à ação para políticas públicas, profissionais de saúde, escolas e famílias para redobrar os esforços na luta contra a obesidade infantil, garantindo um futuro mais saudável para as crianças do Brasil”.


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