Liderança indígena Guató repudia retratação de novela "Terra e Paixão"

Nota de repúdio foi emitida por causa da forma como o personagem Pajé Jurecê Guató foi retratado

19/11/2023 00h00 - Atualizado em 20/11/2023 às 14h27

Por redação

A representação de um personagem da novela Terra e Paixão, exibida pela TV Globo, de um suposto remanescente da etnia Guató, povo que habita a região pantaneira, causou repúdio em lideranças de duas aldeias indígenas. Isso porque, conforme nota emitida neste sábado (18), o personagem não apresenta as características do povo Guató.

O personagem em questão é o “Pajé Jurecê Guató”, apresentado na trama como um "homem cheio de sabedoria, um xamã". Para os caciques Carlos Henrique Alves de Arruda, da Aldeia Aterradinho, e Osvaldo Correia da Costa, da Aldeia Uberaba, o retrato “está mais para um rezador Mbyá, Guarani ou Kaiowá”, o que auxilia na confusão da população sobre a cultura do povo Guató.

Os Guató, considerados o povo do Pantanal por excelência, são encontrados em Terras Indígenas de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e até na Bolívia. Estão estabelecidos no Pantanal há mais de 500 anos e são conhecidos como "canoeiros".

Os caciques afirmam que os indígenas da etnia Guató há mais de um século são vítimas de um processo de invisibilidade étnica. "O propósito maior desse processo está associado à violação dos nossos direitos e à apropriação indevida das terras e águas que há séculos tradicionalmente ocupamos na região pantaneira", diz trecho da nota.

Quanto à trama, as lideranças explicam que não criticam a atuação de Daniel Munduruku, originário do Povo Munduruku, mas sim à retratação do autor Walcyr Carrasco do personagem remanescente da etnia Guató. "Nosso repúdio se deve, especialmente, à maneira como foi criado e retratado o personagem indígena Pajé Jurecê Guató".

Conforme a biografia do personagem, divulgada pela emissora, "Pajé, remanescente da etnia guató. Um homem cheio de sabedoria, um xamã. Tem plena consciência da situação dos indígenas. Seu povo foi praticamente extinto, e os que sobraram, estão vivendo na floresta. Mas olha para tudo isso de forma contemplativa". A Rede Globo ainda não se pronunciou sobre o caso.


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