Por redação
Um a cada quatro proprietários de automóveis no Brasil possuem interesse em realizar a transição para veículos elétricos. A expectativa é de que as vendas desse tipo de veículo aumentem consideravelmente no país, caso o interesse se traduza em ação efetiva. Além disso, o governo federal anunciou recentemente planos para nacionalizar e impulsionar a produção local desses veículos, como o aumento de tarifas de importação.
Um estudo realizado pela Bain & Company, por meio da ferramenta NPS Prism, revelou que essa tendência é mais evidente entre os proprietários de carros mais novos e de luxo. Comparando o Brasil com outros países, como Canadá, México, Estados Unidos e China, o Brasil se destaca com a maior proporção de pessoas considerando veículos elétricos, representando cerca de 25% dos entrevistados. Os principais motivos que impulsionam essa transição incluem o alto custo do combustível, mencionado por 46% dos interessados, a preocupação com o impacto ambiental, citada por 44%, e o desejo de experimentar novas tecnologias, um fator relevante para 27% dos entrevistados.
Em contrapartida, há uma parcela que ainda hesita em aderir aos veículos elétricos. O preço de compra se destaca como o principal obstáculo, com 43% dos respondentes apontando esse fator como a razão pela qual não consideram a troca. A indisponibilidade da rede de recarga/carregamento e a falta de clareza sobre a tecnologia são o segundo e terceiro motivos mais citados, indicados com uma frequência um pouco menor, com 33% e 28% das menções.
Uma caraterística identificada pelo levantamento é que os proprietários que já possuem carros mais ecologicamente corretos têm maior probabilidade de considerar a mudança para um veículo elétrico. Embora esse não seja um dos cinco principais atributos levados em consideração na escolha de um automóvel, para aqueles que dão grande importância à sustentabilidade, a probabilidade de considerar um veículo elétrico aumenta de forma significativa.
É importante ressaltar que o preço desempenha um papel crucial nessa equação mesmo dentre aqueles que considerariam a troca para um veículo elétrico. A maioria esmagadora (84%) daqueles que têm esse perfil alega que só pagaria um valor até 20% maior por um elétrico do que o preço de um veículo a combustão da mesma categoria e com as mesmas características, especificações e atributos.
A partir da ampliação da infraestrutura de carregamento, aumento da conscientização sobre a sustentabilidade dos veículos elétricos, entrada de novos entrantes e preços mais competitivos no mercado, a tendência é de que a transição para a eletrificação da frota se mantenha em crescimento. O futuro promete uma nova era de mobilidade e as empresas que não acompanharem essa evolução correm o risco de deixarem de atender a uma parcela significativa de consumidores.
Planos de nacionalização do governo federal
Em outubro deste ano, o governo federal anunciou a flexibilização do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) com o intuito de promover maior concorrência no mercado e estimular a produção de veículos elétricos no país. Como parte dessa estratégia, há planos para elevar as tarifas de importação aplicadas a veículos elétricos e híbridos e a implementação de um sistema de cotas para permitir a entrada limitada de carros com essa tecnologia, isentos de alíquotas de importação.
De acordo com informações obtidas junto a fontes do setor privado, os ministérios representados na Câmara de Comércio Exterior (Camex) chegaram a um consenso para um aumento gradual das tarifas ano a ano, alcançando um limite de 35% até 2026. A intenção é que as novas alíquotas entrem em vigor a partir de 1° de dezembro.
O governo calcula que deixou de arrecadar R$ 1,2 bilhão em tarifas de importação, caso fosse aplicada a alíquota máxima de 35% permitida pelas regras do Mercosul, somente entre janeiro e agosto deste ano. Na avaliação de fontes oficiais, isso acabou funcionando como uma espécie de “subsídio” para consumidores de alta renda, que hoje compram veículos elétricos.