Por redação
Número de assinaturas no streaming da Netflix aumentou após o funcionamento da estratégia de combate ao compartilhamento de senhas. As ações da empresa também registram aumento desde o after-market de ontem nos Estados Unidos (EUA). No terceiro trimestre, a base de assinantes cresceu 10,8% em comparação com o ano anterior, marcando o melhor desempenho desde meados de 2020. O acréscimo de cerca de oito milhões de novos assinantes superou as expectativas, que estavam entre 6,5 e sete milhões.
As ações da Netflix subiram mais de 13% no pre-market, consolidando o impulso positivo que começou nas negociações pós fechamento, com uma alta de mais de 12%. A empresa surpreendeu o mercado com resultados que superaram as expectativas tanto em número de assinantes quanto em receita, solidificando as projeções de que a Netflix pode ser a única plataforma de streaming a operar no azul este ano.
Em conferência com analistas, a Netflix afirmou que deve aumentar os preços dos planos sem anúncios nos Estados Unidos, Reino Unido e França. Além disso, a companhia vai impedir que novos assinantes entrem para o plano básico sem propaganda tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil e no México.
A estratégia é a de empurrar novos consumidores que querem pagar barato para a versão com propaganda, a fim de fazer essa vertical decolar. O co-Chefe Executivo de Ofício (CEO) da Netflix, Ted Sarandos afirmou anteriormente que essa vertical “definitivamente não está na escala em que a companhia gostaria”. O volume de usuários em planos como esse aumentou 70% em relação ao segundo trimestre. Apesar disso, os anunciantes ainda esperam mais escala antes de investirem pesado em propaganda neste canal.
Enquanto a concorrência aumentou os preços em cerca de 25% no último ano, segundo o Wall Street Journal, a Netflix manteve a mensalidade congelada pelos últimos 18 meses. A estratégia cobrou seu preço, com a receita por usuário caindo 1% na comparação anual.
No terceiro trimestre, o ganho de assinantes impulsionou a receita da companhia, que cresceu 8% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando US$ 8,5 bilhões. O lucro cresceu em patamar superior, influenciados por menores gastos com produção de conteúdo, relacionados à greve dos roteiristas nos Estados Unidos.
O lucro operacional foi de US$ 1,9 bilhão, aumento de 25% ano a ano, acima das estimativas divulgadas anteriormente pela empresa. A margem operacional foi de 22,4% (o guidance era de 22,2%), aumento de três pontos percentuais ante o mesmo período de 2022.
Com a greve de atores em Hollywood se arrastando há mais de três meses, o volume de investimento em novas produções deve ficar US$ 4 bilhões abaixo da expectativa divulgada anteriormente pela companhia, totalizando US$ 13 bilhões ao fim de 2023.
Para lidar com essa situação — que pode ter impacto na aquisição de novos assinantes —, a companhia ressaltou aos investidores os bons resultados com séries antigas, licenciadas de estúdios da concorrência.
Um dos destaques foi Suits, série que acabou em 2019 e que, neste ano, quebrou recordes de visualização, com mais de um bilhão de horas assistidas no serviço. "Nós podemos ter mais oportunidades de licenciar mais títulos para complementar nossa programação original", afirmou Sarandos. Já existem conversas com a HBO e com a NBCUniversal para novos acordos.
Num cenário de competição crescente, com concorrentes que de multiplicaram nos últimos anos, a Netflix segue mantendo sua vantagem de pioneira. A empresa gera caixa, enquanto concorrentes como Disney, Warner, Paramount e Discovery queimam caixa para manter a vertical de streaming de pé. Além disso, não tem o desafio de conciliar o legado de TV a cabo, como as duas primeiras.