Penitenciárias podem ser retiradas dos contratos de parceria público-privadas

Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo

19/10/2023 00h00 - Atualizado em 22/10/2023 às 18h58

Por redação

Nota técnica em oposição à inclusão de presídios na lista de setores elegíveis para incentivos fiscais e financeiros por meio de parcerias público-privadas (PPP) do governo federal está sendo elaborada pelo Ministério dos Direitos Humanos. Estudo sobre o tema foi solicitado pelo ministro Silvio Almeida. Atualmente, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo.

Em abril, um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliou a lista de setores prioritários para investimentos do governo, abrangendo a segurança pública e o sistema prisional. A norma estipula vantagens como benefícios tributários e crédito subsidiado do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empresas que firmarem parcerias público-privadas com entidades governamentais.

A medida não foi bem recebida por grupos que veem nela um incentivo ao encarceramento, que já é alto. O Brasil contabiliza hoje 644.794 pessoas presas em carceragens, segundo dados mais recentes da Secretaria Nacional de Políticas Penais, referentes a junho. O número posiciona o país na terceira colocação no mundo, em termos absolutos, atrás apenas de Estados Unidos e China.

No mês passado, um conjunto de 86 entidades publicou uma nota técnica contrária aos incentivos do governo federal para projetos de privatização do sistema prisional. Assinam o documento, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, a Associação de Juízas e Juízes para a democracia, a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e diversas defensorias públicas.

O texto traz o exemplo dos Estados Unidos, onde o Poder Público começou a rever a privatização de presídios após experiências mal-sucedidas. “O surgimento de um setor empresarial no ramo da gestão prisional criou um poderoso interesse econômico pela manutenção o do superencarceramento naquele país”, destaca a nota.

Informações sobre a nota técnica de oposição do Ministério dos Direitos Humanos foi confirmada pela pasta à Agência Brasil, após ter sido reportada pela Folha de São Paulo.

Leilões

No último dia seis de outubro, entretanto, o governo do Rio Grande do Sul levou adiante um leilão de PPP para a implantação de um novo presídio em Erechim. O contrato foi vencido pela empresa Soluções Serviços Terceirizados e tem investimento previsto de R$ 149 milhões, com o apoio do BNDES.

A companhia venceu o certame, que foi aberto também a empresas estrangeiras, com uma proposta de receber R$ 233 por dia para cada vaga administrada. Ela deverá construir e gerir o novo presídio pelos próximo 30 anos. O custo de operação da unidade, que deverá oferecer 1,2 mil vagas, foi estimado em R$ 50,5 milhões por ano. O projeto conta com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em um edital anterior, o estado de Santa Catarina realizou um leilão para construção, manutenção e apoio à operação de um novo complexo prisional em Blumenau. O investimento previsto é de R$ 250 milhões, com financiamento do BNDES. O contrato foi fechado ainda no governo de Jair Bolsonaro, no fim do ano passado.

Pelos editais de concessão pública, as empresas ficarão responsáveis pelas partes de logística e manutenção das unidades carcerárias, enquanto o Poder Público continua a cargo da segurança dentro das unidades.


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