Por redação
Neste ano, o concurso Miss Universo terá a participação de pelo menos duas mulheres trans pela primeira vez. Na semana passada, a modelo e comissária de bordo Marina Machete foi coroada como a Nova Miss Portugal. Machete é a primeira mulher trans a vencer o título do país europeu e competirá pela coroa no 72º concurso Miss Universo em novembro, ao lado de Rikkie Kollé, que em julho se tornou a primeira transgênero vencedora do Miss Holanda.
Em um vídeo divulgado no canal português do concurso no YouTube, Marina Machete destacou a importância da luta pelos direitos trans como parte de sua plataforma. Ela enfatizou a crescente "transfobia e intolerância" em todo o mundo e elogiou a Organização Miss Universo por sua inclusão e coragem ao quebrar barreiras, ao permitir a participação de candidatas trans desde 2012.
“Como mulher trans, passei por muitos obstáculos ao longo do caminho, mas felizmente, e principalmente com minha família, o amor se mostrou mais forte que a ignorância”, disse Machete no vídeo.
Se uma das duas candidatas vencer, elas se tornarão a primeira mulher trans a usar a tiara. Em 2018, a espanhola Ángela Ponce tornou-se a primeira concorrente trans do concurso, mas não avançou para a final.
Ao longo da última década, o Miss Universo, um dos concursos de beleza mais assistidos do mundo, tem enfrentado apelos crescentes por maior diversidade, representação e inclusão. A organização suspendeu a proibição de concorrentes transexuais depois que Jenna Talackova, uma concorrente trans no concurso nacional Miss Universo Canadá, foi informada pelos organizadores de que seria desqualificada porque havia sido submetida a uma cirurgia de afirmação de gênero e, portanto, não atendia aos requisitos para o concurso.
Na época, os funcionários do Miss Universo insistiram que a mudança foi feita apesar, e não por causa, de uma ação legal ameaçada por um advogado agindo em nome de Talackova.
Em 2022, a Organização Miss Universo foi comprada pela magnata da mídia tailandesa e defensora dos direitos dos transgêneros Anne Jakkaphong Jakrajutatip, a estrela das versões tailandesas de reality shows como “Project Runway”, por US$ 20 milhões. Jakrajutatip, que também é CEO do JKN Global Group, uma empresa de distribuição de mídia com sede na Tailândia, falou abertamente sobre suas experiências como mulher trans.
Tanto Machete como Kollé usaram as suas plataformas para promover uma visão mais inclusiva dos concursos de beleza e para encorajar outras pessoas a sentirem-se inspiradas. “O Miss Universo nos pediu para nos descrevermos em uma palavra”, disse Kollé em um vídeo postado em sua página do Instagram antes da final do Miss Holanda. “A palavra que estou escolhendo é ‘vitória’, porque quando menino conquistei todas as coisas que passaram pelo meu caminho – e olhe para mim agora, aqui como uma mulher trans forte, empoderada e confiante”.
O Miss Universo, que está em exibição desde 1952, avalia as concorrentes com base em declarações pessoais e entrevistas detalhadas, bem como em competições de vestidos de festa e trajes de banho. Este ano, cerca de 90 mulheres de todo o mundo competirão no concurso. Embora quase todas as finalistas já tenham sido selecionadas, alguns países, incluindo a China, ainda não confirmaram a sua representante.
A final do Miss Universo 2023 está marcada para o dia 18 de novembro, em El Salvador. Com a maior pluralidade de candidatas nas últimas décadas, este já é considerada a edição mais diversa da história, pois, ao que tudo indica, deve ser marcado por uma série de "primeiras vezes".
Além de Marina e Rikkie, é a primeira vez que mulheres mães e casadas podem participar. Essas mudanças deu a oportunidade, até agora, para as misses Guatemala, Michelle Cohn e Colômbia, Camila Avella. Isso só foi possível após a decisão histórica do Miss Universo de mudar as regras da competição. Em agosto passado, a organização mundial comunicou que, a partir de 2023, começaria a aceitar mulheres que sejam ou foram casadas, assim como grávidas ou que tenham filhos.Também está no quadro a modelo plus size Jane Dipika Garrett, eleita Miss Nepal em setembro.
O Brasil será defendido pela gaúcha Maria Eduarda Brechane, eleita em julho, e quem se despede do posto é a americana R'Bonney Gabriel.
Em setembro passado a organização do Miss Universo anunciou em sua conta oficial nas redes sociais (@missuniverse) o fim dos limites de idade para participar do concurso. Até o momento, o Miss Universo aceita candidatas que tenham entre 18 e 28 anos.
Segundo a nota oficial, a novidade se aplica a todos os concursos associados à franquia, e se iniciam em 2024. Ou seja, a partir do ano que vem, mulheres que tenham mais de 30, 40, 50 anos ou mais, também poderão se candidatar em suas seletivas nacionais e chegar ao palco mundial.