Por redação
A onda de calor que impactou o país nessas últimas semanas pode afetar negativamente o plantio de soja. É o que alerta a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agropecuária Oeste, de Dourados. As sementes podem apresentar dificuldades na germinação.
Os agricultores podem plantar soja desde 15 de setembro, fim do vazio sanitário. Em Mato Grosso do Sul, o período de semeadura vai de 16 de setembro a 24 de dezembro. Com o episódio excepcional das temperaturas até 5ºC acima da média em grande parte do Brasil, a empresa vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) explica necessidade de cuidados redobrados para a implantação das lavouras.
Em nota técnica divulgada pela Embrapa de MS, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia enfatiza que vale a pena esperar um pouco mais para semear, assim o produtor terá mais segurança para garantir um estande de plantas adequado e uniforme. Conforme Garcia, “o calor excessivo no solo pode ter um efeito negativo no desenvolvimento em sementes de soja recém-semeadas, pois temperaturas extremas do solo podem causar danos às sementes, impedindo-as de germinar ou se desenvolver adequadamente”.
Diante desta situação, o pesquisador chama atenção ainda para a relevância do plantio direto, com destaque à cobertura com palhada e explica “além dos inúmeros benefícios que os produtores já conhecem, o solo coberto com palhada representa um grande aliado do produtor, pois diante de um cenário climático desfavorável contribui com a redução dos impactos da amplitude térmica, mantendo as sementes e a plântula de soja mais protegidas”.
Em maio, Mato Grosso do Sul encerrou a safra de soja 2022/2023 com produção histórica acima de 15 milhões de toneladas, um aumento expressivo de 72,65% em relação ao ciclo anterior.
O pesquisador Éder Comunello, da Embrapa Agropecuária Oeste, destaca que a temperatura do solo costuma ser bem mais intensa do que a do ar porque o solo absorve o calor do sol e o retém por mais tempo, especialmente, nos horários mais quentes do dia e informa que “temperaturas acima de 40ºC podem facilmente superar os 50°C no solo”.
Onda de calor - O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) divulgou aviso de onda de calor. O alerta destaca os riscos para a saúde, mas também é importante considerar os impactos negativos que o fenômeno pode causar na atividade agrícola.
O meteorologista Natálio Abrão Filho afirmou na sessão desta terça-feira (26), na Câmara Municipal de Campo Grande, que calor deve aumentar e bater recordes de temperatura durante o mês de outubro.
“O Estado e a Capital estão com as temperaturas muito acima das médias históricas dos últimos anos. E essas temperaturas são os limites. Mas, acreditem: o pior está por vir. Os modelos que encontramos para Mato Grosso do Sul e para Campo Grande não indicam condições favoráveis que permitam que a população tenha condições agradáveis nesses valores que virão”, alertou.