Por redação
Há cinco anos, as córneas de Ronaldo Luiz de Oliveira, de 67 anos, foram fundamentais para que uma pessoa da lista de espera recuperasse a visão. É assim com as doações de outros órgãos, que salvam a vida de pessoas de diversas idades. No país, de janeiro a setembro deste ano, foram mais de mais de 6 mil transplantes de órgão, conforme dados do Ministério da Saúde.
O maior número de transplantes foi de rins: 92% do total. Em Mato Grosso do Sul, de 1ª de janeiro a setembro, foram realizados 23 transplantes renais e um de coração. Nos procedimentos de transferência de córneas, como foi o caso de Ronaldo, foram 147.
O advogado Alessandro Luiz de Oliveira é filho do doador e explicou que o pai sempre manifestou em vida o desejo de doar os órgãos. "Quando ele veio a falecer, o próprio hospital nos procurou e informou sobre os benefícios da doação. No caso do meu pai, que faleceu de câncer e estava com os órgãos vitais comprometidos, conseguimos doar apenas as córneas. Imediatamente concordamos com a equipe médica".
De acordo com a legislação brasileira, mesmo com a decisão da pessoa de doar os órgãos, em caso de morte, a palavra final é da família, ou seja, não é possível garantir efetivamente a vontade do doador. Sendo assim, o diálogo com a família e amigos é essencial para que o desejo seja respeitado.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET-MS) é enfática ao ressaltar que a doação de órgãos salva vidas. Conforme Claire Carmen Miozzo, comunicar a família da intenção de ser um doador é fundamental.
"Para que o transplante aconteça é necessário ter órgãos. Portanto, se não ocorrer doação de órgãos, não acontece o transplante. O transplante só existe se tiver doação de órgãos e tecidos. Que por sua vez acontece se a família da pessoa que morreu fizer a doação. Na maioria dos casos onde existe a negativa, os familiares dizem que o motivo é não saber se a pessoa era ou não doadora. Se isso fica claro, é conversado antes, a família sempre respeita a vontade e autoriza a doação".
O Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), tem o maior programa público de transplante do mundo, no qual cerca de 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos, permitindo que cada vez mais pessoas tenham uma vida melhor. A estrutura é gerenciada pelo Ministério da Saúde, que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade.
A coordenadora explicou ao MS Conecta que tanto hospitais públicos quanto privados realizam os transplantes, mesmo com a lista única de espera, comandada pelo SUS. "Se o paciente estiver em hospital público, ele fará o transplante no hospital público, se estiver em hospital privado fará o transplante no hospital privado".
Na maioria das vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou a oportunidade de um recomeço para as pessoas que precisam da doação. Todos os anos, milhares de vidas são salvas por meio desse gesto.
O advogado filho de Ronaldo Luiz enxerga a doação como uma "medida louvável". Ainda, explica que a doação de órgãos não atrasou em nada a liberação do corpo do pai, que foi cremado.
Espera - Conforme dados do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, de 1º janeiro até 27 de agosto deste ano, o tempo de espera para transplante de coração, por exemplo, foi menor do que 30 dias para 72 dos pacientes na lista - o equivalente a 27,5% do total de pessoas transplantadas.
Para outros 65 pacientes (29%), o tempo de espera foi de 30 a 90 dias. Isso significa que mais da metade do percentual de pacientes (52,3%) teve a oportunidade de receber a doação em até três meses.
Em Mato Grosso do Sul, até o início do mês, 406 pessoas aguardavam pelo transplante de córneas e 171 pacientes por rim.
O Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo. O Sistema Nacional de Transplantes é responsável pela regulamentação, controle e monitoramento do processo de doação e transplantes realizados no país.