Por redação
O plantio de eucalipto pode ser uma peça importante para ajudar Mato Grosso do Sul a alcançar a meta de ser carbono neutro até 2030. Resultados de um estudo inédito, ainda em andamento, mostram que em áreas com eucalipto o solo emite menos dióxido de carbono (CO2) em comparação a outros usos e ocupações avaliadas.
Coordenada por Paulo Eduardo Teodoro, engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a pesquisa mapeia o fluxo de carbono do Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado, os três biomas presentes no estado. Em cada um deles, é avaliado quatro diferentes usos e ocupação do solo, com vegetação nativa, pastagem, cultura de soja e eucalipto.
O objetivo é identificar quais atuam como fontes e/ou sumidouros das emissões de carbono e, com os dados obtidos, criar um modelo matemático preciso para uso via satélites.
O estudo foi financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia (Fundect) na Chamada Carbono Neutro, inédita no País, lançada em 2021. O edital contemplou 19 projetos que desde então buscam novas tecnologias, visando gerar bases gerenciais e metodológicas para uma economia de baixo carbono no Estado.
O investimento total é de aproximadamente R$ 7,4 milhões e esta pesquisa foi a que mais recebeu recursos, quase R$1 milhão. O trabalho de coleta de dados e amostras de solo a campo contou com uma equipe de 15 pessoas, entre pesquisadores e alunos de pós-graduação.
Durante 13 dias seguidos, eles fizeram uma jornada a três municípios: Deodápolis, região Sul do Estado, onde há resquícios de Mata Atlântica, Aquidauana, início do Pantanal e Chapadão do Sul com sua extensa área de Cerrado. Em cada um destes locais foram selecionadas áreas de vegetação nativa, de pastagem e eucalipto que tinham o mesmo uso e ocupação de solo por pelo menos quatro anos. No caso da agricultura, foram escolhidas áreas com cultivo de soja durante a safra com histórico de pelo menos quatro anos-safras. Nestas áreas, as avaliações ocorreram durante o pico vegetativo da cultura, aproximadamente 60 dias após a emergência.
Em cada um dos três biomas e usos e ocupações foram medidas as curvas espectrais e coletadas 200 amostras de solo, em duas profundidades, para avaliar a emissão e o estoque de carbono. No total foram 1.200 amostras encaminhadas para laboratório.
Resultados importantes revelados pelo estudo apontam que o eucalipto, independente do bioma, é a cultura que menos emite CO2, até mesmo quando comparada com a vegetação nativa, e a pastagem é a que mais emite.
Destaque Nacional - O projeto foi destaque na 78ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia, que aconteceu em Gramado (RS) no início de agosto . O evento tinha como temática as mudanças climáticas, com palestrantes nacionais e internacionais.
A pesquisa foi selecionada em primeiro lugar entre os 24 trabalhos participantes do Contecc, o Congresso Técnico que faz parte do evento e que abre espaço para apresentação de trabalhos científicos. “Escolhemos o título - Estratégias para tornar MS carbono neutro até 2030 - e o estudo chamou atenção por ter a pesquisa aplicada para apontar uma solução”, destacou o professor responsável pelo projeto.