Motoristas de Campo Grande anunciam greve e capital fica sem ônibus

O sindicato dos motoristas paralisou nesta terça-feira, sem aviso prévio à população, por falta de pagamento de alguns funcionários

18/06/2022 00h00 - Atualizado em 22/06/2022 às 12h42

Por Ana Laura Menegat e Vinícius Reis

Os campo-grandenses que precisam utilizar o transporte público se depararam com a falta de ônibus nas ruas da capital nesta terça-feira (21). A greve se iniciou sem um aviso prévio à população, tendo como motivo o atraso no pagamento do vale que representa o adiantamento de 40% do salário dos trabalhadores.

O não pagamento do vale tinha sido comunicado aos funcionários na tarde de segunda-feira (20) e o fechamento das garagens foi realizado pela direção do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STTCU-CG), sem realização de assembleia.

Edmilson Nunes Oliveira é vendedor há 17 anos nos terminais da capital. Essa é a 4° greve que ele presencia, mas acredita que é a mais chocante, pois motoristas e população foram pegos de surpresa. O vendedor acredita que os motivos da empresa são válidos para suspender o trabalho, porém, para paralisar seria necessário um aviso prévio às pessoas que fazem uso do transporte público na cidade.

Dona Maria, como é conhecida, trabalha assim como Edmilson nas vendas no terminal e hoje não conseguiu chegar ao ponto de trabalho. Ela fabrica seus salgados em casa e vai até o Terminal Morenão para vender, contudo, com a paralisação sem aviso, ela está impossibilitada de ir até o local hoje.

Heitor Pantarotto é mestrando em engenharia ambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e não havia visto o noticiário antes de sair de casa. Chegou ao Terminal Guaicurus e obteve a informação da greve por meio de uma pessoa que passava de bicicleta e o informou. Como ele precisava estar no trabalho até às 7h30, acabou pedindo um uber e pagando um preço mais elevado que o normal.

Para Edmilson, a população precisa cobrar o poder público para que esse serviço possa retornar, e para que isso aconteça, os motoristas precisam receber o salário adequado. “O que está acontecendo que não têm verbas?”, questiona o vendedor.

Demétrio Freitas, presidente do sindicato dos motoristas, fala que essa situação já chegou ao limite e que as garagens não vão abrir nesta terça-feira, nem mesmo se o pagamento for feito. Para garantir a paralisação, Demétrio chegou às 2h30 da madrugada na garagem da Jaguar, localizada na Vila Bandeirantes, impedindo que o primeiro carro saísse para buscar os motoristas. Muitos motoristas também foram pegos de surpresa com a paralisação.

No início da tarde, o Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, desembargador André Oliveira, deferiu o pedido liminar do Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de Passageiros de Mato Grosso do Sul (SETUR-MS) para retorno imediato ao trabalho dos motoristas do transporte coletivo de Campo Grande.

Por se tratar de um serviço essencial à população e a fim de preservar o direito de locomoção dos cidadãos, a decisão determina a manutenção de 80% dos serviços de transporte coletivo urbano sob pena de multa ao STTCU (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano) no valor R$ 200 mil ao dia.

Matéria atualizada ás 13:56


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