Para empresários, retirada do estacionamento na avenida Três Barras impactou vendas

Nesta semana, comerciantes da região amanheceram com faixa amarela pintada nas guias, o que prejudica o acesso de clientes aos estabelecimentos

24/08/2023 00h00 - Atualizado em 26/08/2023 às 18h30

por Victória Bissaco

Desde a última quarta-feira, 24 de agosto, empresários da avenida Três Barras lidam com diminuição no movimento e nas vendas dos comércios. Isso porque o projeto de revitalização da via retirou as guias brancas e substituiu por faixas amarelas, que proíbem o estacionamento de veículos na rua. Agora, os comerciantes locais se unem para tentar reverter a situação.

Na quadra mais prejudicada, próxima a um atacadista, a loja de utilidades de Ernani Mazzo está com a calçada irregular, o que também impede o empresário de fazer o estacionamento em frente à própria loja. Nesta semana, estima que perdeu mais de 95% das vendas. "Alguns clientes me procuraram e reclamaram da dificuldade em estacionar", pontua.

O empresário explica que os clientes podem estacionar os veículos nas ruas próximas. No entanto, muitos saem da loja de utilidades com produtos pesados e têm que esperar a diminuição do trânsito na via para atravessarem a rua, mais um problema pontuado por Mazzo. "Você imagina, o que eram 10 quilos viram 50 só pelo tempo que você tem que esperar. Aqui nessa quadra não tem nem faixa de pedestre", afirma.

Na outra ponta da esquina onde o Ernani Mazzo possui o comércio, o conteiner especializado em produtos e acessórios para pets também ficou impactado com a retirada do estacionamento. Para Harri Roque Bernardi, o proprietário do local, o que era para ajudar, deixou marcas negativas: as vendas caíram em 30% desde o início das obras na avenida.

"Ninguém está reclamando da revitalização, a avenida está ficando ótima. Mas também tem que ter o bom senso de melhorar o fluxo, ajudar o comércio e todos que trabalham aqui. Eu pago meus impostos certinhos, mas agora saí prejudicado. Tive 30% a menos de venda nesse mês". Diferente do proprietário da loja de utilidades, Harri Bernardi deu início ao planejamento de fazer um estacionamento na própria calçada. "Agora, segunda-feira, vou pintar a calçada e marcar as faixas do estacionamento".

A revitalização da avenida Três Barras foi discutida desde o ano passado pela Prefeitura de Campo Grande (MS). Foram abertos dois certames para definir a construtora responsável por dar vida a obra. Após a decisão, as reformas no local iniciaram em julho deste ano e previsão de finalização em agosto.

A readequação consiste em retirar a rotatória, instalar dois conjuntos semafóricos com 20 porta focos e a adoção de mão única numa quadra da Ruas Domingo Jorge Velho e Rua Miguel Sutil. A troca de mãos foi desaprovada pelo proprietário de uma madeireira na Miguel Sutil. Segundo Willian Wobeto, os clientes têm que dar a volta na quadra para acessar o estabelecimento.

"Esse trecho [da rua Miguel Sutil] era mão dupla. Agora, os clientes têm que dar a volta pelo Supermercado Nunes ou pelo Fort Atacadista para acessar aqui. Eles têm que resolver, porque está prejudicando nossas vendas". A obra trouxe mais um empecilho para Wobeto referente a carga e descarga de mercadorias. "Eu tenho um nove eixos. Antes, podia parar na Três Barras e descarregar, sem atrapalhar o fluxo, agora, se eu estaciono aqui na Miguel Sutil, travo uma faixa inteira".

O empresário afirma ter gasto mais de R$ 30 mil após o início das obras. "Tive que recuar a cerca em três metros". Ainda, estima que terá que gastar com a revitalização das calçadas. "Antes era tudo grama, era bonito. Agora, deixaram desse jeito [sem pavimento]. Tenho que arrumar isso para, pelo menos, fazer um estacionamento".

Procuraram os responsáveis

Tanto Wobeto, quanto Mazzo e Bernardi afirmam que procuraram a Prefeitura de Campo Grande para esclarecimentos quanto aos tópicos pontuados por eles. A resposta foi um pingue-pongue entre órgãos. "Liguei na Agetran e informaram que era em outra secretaria. Lá, repassaram para a Agetran, que pediram para registrar a queixa na Ouvidoria", contou o proprietário da loja de utilidades.

O dono da madeireira e o da loja de pets registraram a queixa para vereadores da Capital. A resposta foi que mais empresários reclamaram da faixa amarela. Ernani Mazzo pontuou diversas vezes que o problema em si não é a revitalização. Ele também mora na região e se sente satisfeito com as mudanças quanto morador. "O fluxo vai melhorar bastante. O que estamos pedindo é uma solução para os estacionamentos, que foram tirados de nós sem aviso prévio", explica.

Entre os comércios, a proprietária de um estabelecimento especializado em sinalização vertical, Rosângela Katia Castilho conta que não foi prejudicada com as mudanças, porém demonstrou apoio aos pequenos comerciantes locais. "Eu me solidarizei com eles, foram pegos de surpresa. O restaurante que fica aqui em frente mesmo, coitado, como os clientes vão parar?", questiona.

A reportagem do MS Conecta entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande, responsável pela revitalização da avenida Três Barras. Em nota, a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) reforça que a pintura de faixas amarelas estava contemplada no projeto do reordenamento realizado entre a rua Felipe Camarão até a José Nogueira Vieira.

De acordo com o comunicado, a retirada dos estacionamentos na rua é "extremamente necessária para o bom funcionamento da readequação viária que atenderá a dezenas de milhares de pessoas que circulam diariamente". Em média, cerca de 30 mil veículos passam diariamente pela avenida.

Ainda, conforme a Agência, os estabelecimentos devem ter vagas de estacionamento dentro de sua área privativa, de acordo com a Lei do Uso do Solo.


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