Por Rúbia Pedra
O sonho de empreender e ter o próprio negócio é comum entre os jovens hoje em dia. Há alguns anos, esse também era o desejo do casal Michelle Pinho e Samuel Echeverria. Quando mais jovens, a vontade era empreender na área da gastronomia, mais especificamente em um bar. Porém, a vida foi seguindo e, com faculdade e filhos, o sonho foi guardado por um tempo.
Mesmo formada em enfermagem e trabalhando com vários plantões, Michelle sempre teve o empreendedorismo na veia. Em 2019, criou uma empresa voltada para a venda de semijoias para complementar a renda, quando saiu da enfermagem e focou no negócio. “Aí veio a pandemia, mas foi uma época em que crescemos e geramos oportunidades para outras pessoas”.
Em julho desse ano, surgiu a oportunidade de adquirir um ponto para abrir algo voltado para a gastronomia, como sempre quis. Apesar de ter encontrado o local, Michelle não tinha dinheiro para custear a compra, porém não desistiu dessa chance. “O universo dá oportunidades e a gente atrai o que a gente quer. Eu acredito muito nas minhas ideias e isso me fortalece, me faz correr atrás. Eu pensei, tenho crédito no banco, mas tinha também meu sogro e eu sabia que ele tinha condição de emprestar. Então, fui falar com ele”.
A negociação deu certo e assim vieram novos desafios. “Eu não sabia se chorava de alegria ou nervoso, era 49% de medo e 51% de animação. Mas pensei: ‘se eu não arriscar agora, vou passar a vida inteira achando que não posso fazer nada, e se der tudo errado, eu tenho saúde, inteligência e arrumo outra coisa’”, conta.
A ideia da padaria veio quando pensaram nos próprios gostos e hábitos de hoje, diferentes dos bares e da noite agitada de antes. “Trocamos o bar pela padaria nessa nossa fase de vida, hoje em dia somos mais diurnos, até pelas crianças. Gostamos de histórias e de lugares que podemos voltar várias vezes, de tradição. Tanto que a nossa logo tem alegria, tradição e simplicidade, é um modo de vida que a gente acredita hoje que é o ideal”.
Michelle explica que a vontade era de ter um espaço com a “nossa cara e a nossa história”. Assim, conta que a filha mais velha deu um apelido ao caçula, o chamando de “Enaldo”. Ele não gostava, mas foi o nome carinhoso que virou a identidade da padoca. “Nós queríamos uma padaria de bairro, que você conhece o dono, uma padaria de dia a dia, não só de passagem. É um lugar pra você vir sempre, do atendente já saber até o pão que você quer, o seu café, o sanduíche que você gosta. Somando isso, surgiu o seu Enaldo. Você pensa em uma pessoa, visualiza. Quando falei pra ele do nome, fez um drama, mas ficou tão legal que depois convencemos ele. A logo é baseada na foto dele. O seu Enaldo, na verdade, tem nove anos”.
No cardápio, é possível encontrar uma variedade de pães, sanduíches, doces, bolos e também os pratos executivos do almoço. Dentre as opções, duas se destacam: os bolinhos de carne recheados com queijo e a “barriga do Enaldo”, uma coxa de frango cremosa com requeijão, que, segundo Michelle, lembra a barriga do filho. “Mesclamos a essência do seu Enaldo senhorzinho com a jovialidade do Arthur. Todos os pratos têm alguma coisa nossa, seja no prato ou no nome. O ‘meu pai só faz esse’ é o prato do meu marido, tem o bolo da Duda e tudo é como se o Arthur tivesse falando, há um storytelling nisso também”.
A Padoca do Enaldo abriu há pouco tempo mas já é um sucesso. Fica na R. Dom Aquino, 2158, Centro. Funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e no sábado, das 7h às 14h. Os pratos especiais de almoço ficam disponíveis das 11h às 14h. Aproveite!