Amigos da onça: Organização busca a preservação das onças-pintadas e a conservação da biodiversidade

Projeto de safari no Pantanal

03/06/2022 00h00 - Atualizado em 24/06/2022 às 19h09

Por Rúbia Pedra

A onça-pintada é o maior felino das Américas. Ela ocupa o topo de cadeia alimentar e é responsável pelo controle da população de presas, abatendo indivíduos vulneráveis e auxiliando na manutenção do ecossistema em que reside. Em razão de sua natural agressividade, muitas onças são perseguidas e caçadas ilegalmente, principalmente por donos de terras que as consideram uma ameaça para a criação de gado.

Diante desse contexto, o ex-piloto de corrida, Mario Haberfeld, teve a ideia de criar uma organização para auxiliar na preservação da espécie. Ele reuniu um time de especialistas da área biológica e fundou o Onçafari, em 2011, com o intuito de promover a conservação do meio ambiente, contribuir com o desenvolvimento socioeconômico por meio do ecoturismo e preservar a biodiversidade dos biomas, com ênfase nas espécies de onças-pintadas e lobos-guarás.

A coordenadora-geral do Onçafari, Lilian Rampim, explica que a questão da caça está diretamente ligada aos prejuízos com a perda de cabeças de gado, que afeta o bolso dos pecuaristas. “A onça é um predador de oportunidade. Para ela, caçar um veado dá trabalho, já ele corre em altas velocidades, tem chifre e salta bem alto. Agora, caçar um bezerro é muito fácil para a onça. Toda vez que a onça abate um bezerro, ela causa prejuízo para alguém - e essa é a principal razão pela qual as onças ainda são mortas em larga escala aqui no Pantanal e em outros lugares”, lamenta.

O projeto percebeu que visitantes de lugares cada vez mais distantes estavam interessados em conhecer e ver os animais em seu local nativo. “Os turistas de vida selvagem ficam muito entusiasmados com a possibilidade de avistar os bichos na natureza, e cada vez mais visitam locais que fomentam o ecoturismo. Provamos para os fazendeiros que a onça vale mais viva do que morta e deu certo. Não só habituamos os animais aos nossos veículos, como mostramos aos pecuaristas que o ecoturismo é uma fonte de renda segura e justa, que mantém os animais vivos”.

Assim, a organização colocou em prática o processo chamado “habituação”, em que as onças são acostumadas à presença dos carros utilizados nas visitações. “O animal vai ficando tolerante à nossa presença. Não usamos nenhum tipo de atrativo, não alimentamos, não se faz carinho, nada disso. Elas continuam sendo 100% selvagens, mas se acostumaram com a presença dos veículos”, esclarece Lilian.

A coordenadora explica que a organização atua em seis frentes diferentes. A primeira é o ecoturismo, promovendo o encontro dos turistas com os animais na natureza. A segunda é ligada à produção de dados científicos dessa espécie, uma das menos estudadas no mundo. A terceira foca em educação, com palestras e conscientização, “Fazemos palestras fomentando educação ambiental, conscientizando crianças e adultos do real papel da onça-pintada. Muitas não entendem que ela tem um papel muito importante no ecossistema, de controlar a cadeia alimentar”.

O quarto ponto de atuação é com as melhorias sociais, contribuindo com alimentos e ajuda por doações para as aldeias e pessoas que vivem ao redor do projeto. A quinta frente atua com reintrodução, um trabalho realizado com onças-pintadas e lobos-guarás em situação de vulnerabilidade em cativeiro, ensinando-os como voltar ao ambiente selvagem, caçar seu alimento e se relacionar com os outros animais.

O último ponto é a proteção das florestas e áreas de alto valor biológico, preservando espaços que poderiam ser desmatados para outros fins. “Não adianta ter as outras iniciativas se o bicho está perdendo seu habitat. Ficamos atentos nessas áreas a venda e tentamos adquiri-las. Somos uma ONG, mas temos muitos parceiros que acreditam no nosso trabalho e conseguimos juntar esse dinheiro”.

Atualmente, o Onçafari está presente em quatro biomas, com locais diferentes de atuação. No Pantanal, são três bases de trabalho, com média de 2,2 avistamentos de onças por dia. Para Lilian, um dos diferenciais da visita é que a equipe conhece a fundo os animais e consegue passar para o turista toda a história, as relações e as individualidades de cada uma. Segundo a coordenadora, um dos maiores sonhos da equipe já está sendo realizado: ampliar a atuação nos diferentes bioma e espécies. Para ajudar o projeto com doações de valores variados ou até a divulgação pelas redes sociais, acesse oncafari.org.

LINK|-|https://drive.google.com/file/d/17tL4NTyBORie2jEVbYMyX1oqaQs5OwQm/view?usp=sharing|-|Confira na íntegra o conteúdo da 12° Edição da CG City!


Notícias Relacionadas »