Por Ana Laura Menegat
Cães e gatos, além de serem ótimos amigos e companheiros para o dia a dia, também podem auxiliar no desenvolvimento afetivo de crianças e adultos que possuem deficiências físicas e emocionais, ou dificuldades cognitivas e sociais. Esse tipo de suporte é chamado de Terapia Assistida por Animais (TAA), que promove o bem-estar do paciente utilizando o animal como agente terapêutico.
O pesquisador Marty Becker afirma que os cães são capazes de estabelecer uma comunicação com os pacientes, que proporciona o desenvolvimento da autoestima, do respeito e do companheirismo. Além disso, segundo o autor, essa relação também estimula a liberação de endorfina e adrenalina, hormônios benéficos ao organismo.
O método pode ser utilizado desde a infância até a fase adulta, com pacientes idosos. Diferentes espécies podem ser utilizadas de maneira terapêutica, mas, para isso, são necessários cuidados especiais: o animal deve ser treinado de forma específica para os atendimentos e atividades que realizará; precisa de acompanhamento veterinário, com a manutenção da saúde e das vacinas em dia; e necessita de cuidados de higiene, como tomar banho antes das sessões. Dependendo do quadro do paciente, a TAA não dispensa outras terapias e práticas complementares, sendo apenas uma das ferramentas disponibilizadas para auxílio.
Em Mato Grosso do Sul, o Corpo de Bombeiros Militar possui o projeto social “Cão Herói, Cão Amigo”, que proporciona sessões de terapias com cães em crianças com deficiência e idosos. O projeto, que conta com o apoio de terapeutas, voluntários e seus animais, objetiva melhorar a qualidade de vida das pessoas atendidas por meio do estímulo proporcionado pelo contato com o cão.
Segundo o sargento Thiago Kalunga, participante do projeto, os animais, ao tirar os pacientes da rotina, dão mais ânimo ao tratamento e aumentam a adesão às atividades propostas pela equipe terapêutica. “É perceptível a evolução dos pacientes e a alegria das pessoas, sejam crianças ou adultos, quando veem um cão adestrado, vestindo um colete dos Bombeiros, chegando ao local”.
O Brasil não possui uma regulamentação específica para a TAA, apenas para a equoterapia (Lei n.° 13.830/2019), que utiliza os cavalos no tratamento terapêutico. Alguns estados e municípios possuem normas específicas, como a Lei n.° 5.385/2019, sancionada pelo Governo de Mato Grosso do Sul, que permite a visitação de animais domésticos e de estimação em hospitais.
Para a psicóloga Lígia Burton, além dos efeitos terapêuticos, a interação com os animais, especialmente a feita pelas crianças, oportuniza o aprendizado e o desenvolvimento de ferramentas sociais. “As crianças que têm animais em casa, ou mesmo contato com animais de forma rotineira ou aos fins de semanas, acabam desenvolvendo a habilidade de lidar com diferenças, porque o animal não fala e a criança tem que achar uma forma de se relacionar com esse ‘outro’, para além do molde que ela conhece”.
Segundo a psicóloga, a relação animal e tutor é vista também como um laço social, um desafio e um aprendizado, principalmente para os pequenos. “No fundo, ter um bichinho é aprender a lidar com o outro e consigo, de certa forma. Afinal, quando eu lido com o outro, eu tenho que lidar comigo mesma”, conclui.
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