Por Wendell Reis | InvestigaMS
O Ministério Público Estadual (MPE), por intermédio da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Bonito, comandada pelo promotor Alexandre Estuqui Junior, abriu inquérito civil para apurar danos ambientais na região de bonito.
O inquérito tem como requerido o Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), responsável por fiscalizar e evitar danos ambientais na região turística do Estado que recebe pessoas do mundo todo.
“Verificar a omissão dos órgãos ambientais nos instrumentos para a análise dos impactos sinergéticos de supressão vegetal nativa (autorizadas ou não), no turvamento da bacia do rios turísticos de águas cristalinas na região da Serra da Bodoquena, bem como a ausência de licenciamento de monocultura”, diz a justificativa para o inquérito.
O promotor ressalta que a área do Parque Nacional da Serra da Bodoquena foi declarada como área núcleo da Reserva Biosfera da Mata Atlântica, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Entretanto, há constantes retiradas de vegetação. “A emissão de autorizações para supressão na região da Serra da Bodoquena segue a ritmo acelerado, sem contar os desmatamentos ilegais”, pontua.
Estudo anexado ao inquérito revela que a bacia hidrográfica do rio da Prata vem sendo descaracterizada de modo expressivo, já que em 30 anos perdeu 36% de sua área devido a práticas não sustentáveis de agriculta e drenagem artificial do banhado da bacia, que aumentaram a turbidez das águas pelo carreamento de sedimentos.
Segundo o MPE, em Mato Grosso do Sul, apenas 64% das áreas com constatação de desmatamento potencialmente ilegal foram vistoriadas para fiscalização. Ele cita como exemplo o estudo realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Embrapa Pantanal e University College de Londres (UCL)4, mostrando que as plantações de soja passaram de ocupar cerca de 4% da Bacia do Rio da Prata em 2010 para ocupar mais de 20% em 2020. Além disso, o estudo concluiu que o escurecimento da água ocorre a partir da combinação de chuvas torrenciais com a erosão, sendo esta última, acelerada pela expansão desordenada e mal planejada das plantações do grão na região de Bonito.
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