Cientistas apontam motivo que pode ter exterminado o maior tubarão que já existiu

Estudo publicado na semana passada descobriu que a temperatura corporal dos megalodontes era em torno de 7ºC mais quente do que a temperatura do mar

03/07/2023 00h00 - Atualizado em 03/07/2023 às 21h51

Por redação

O megalodonte, um dos maiores tubarões que já existiu, não era o assassino de sangue frio que parece ser – pelo menos não literalmente. Por meio de uma análise de dentes fossilizados do animal, os cientistas descobriram que o tubarão extinto tinha sangue parcialmente quente, com uma temperatura corporal em torno de 7 ºC mais quente do que a temperatura estimada da água do mar na época, de acordo com um estudo publicado na semana passada na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.

“Descobrimos que o megalodonte tinha temperaturas corporais significativamente elevadas em comparação com outros tubarões, consistente com um grau de produção interna de calor, como os animais modernos de sangue quente (endotérmicos)”, disse o coautor do estudo, Robert Eagle, professor de ciências marinhas e geobiologia.

As descobertas sugerem que essa característica distinta desempenhou um papel fundamental no tamanho do antigo predador – e seu eventual desaparecimento.

Gigantismo do megalodonte

Acredita-se que o Otodus Megalodon tenha pelo menos 15 metros, um dos maiores predadores marinhos desde a era mesozoica. Ele foi extinto há cerca de 3,6 milhões de anos, segundo Robert Eagle. Os cientistas teorizaram anteriormente que os megalodontes eram de sangue quente, mas o novo estudo é o primeiro a fornecer evidências concretas para esse efeito.

Os pesquisadores observaram quão próximos os isótopos de carbono-13 e oxigênio-18 encontrados nos dentes fossilizados do antigo tubarão estavam ligados – um ponto de dados que pode revelar o quão quente era o corpo. A partir dessa descoberta, eles deduziram que a temperatura corporal média do megalodonte era de cerca de 27ºC.

Como os grandes tubarões brancos, os megalodontes eram regionalmente endotérmicos, o que significa que eles tinham a capacidade de regular a temperatura em certas partes do corpo, de acordo com o estudo. Em contraste, as temperaturas corporais de outros predadores de sangue frio são reguladas pela temperatura da água ao seu redor.

Ser de sangue quente pode ter sido um dos principais fatores que impulsionaram o tamanho maciço e a proeza geral dos megalodontes como predadores, de acordo com o autor do estudo Kenshu Shimada, paleobiólogo da Universidade DePaul, em Chicago.

“Um corpo grande promove eficiência na captura de presas com cobertura espacial mais ampla, mas requer muita energia para mantê-lo”, disse Shimada. “Sabemos que o megalodonte tinha dentes cortantes gigantescos usados ​​para se alimentar de mamíferos marinhos, como cetáceos e pinípedes, com base no registro fóssil. O novo estudo é consistente com a ideia de que a evolução do sangue quente foi uma porta de entrada para o gigantismo do megalodonte acompanhar a alta demanda metabólica”.

A “vulnerabilidade de ser de sangue quente”

Para um animal grande, ter que usar tanta energia constantemente para regular sua temperatura corporal pode ter contribuído para sua queda, à medida que o mundo mudava. O momento da extinção dos megalodontes coincide com o resfriamento da temperatura da Terra, disseram os pesquisadores.

“O fato de o megalodonte ter desaparecido sugere a provável vulnerabilidade de ser de sangue quente, porque requer uma ingestão constante de alimentos para sustentar o alto metabolismo”, disse Shimada. “Possivelmente, houve uma mudança no ecossistema marinho devido ao resfriamento climático”, fazendo com que o nível do mar caísse, alterando os habitats das populações dos tipos de alimentos que o megalodonte se alimentava, como mamíferos marinhos, e levando à sua extinção.

Comparado com outros predadores, o megalodonte era maior e, portanto, mais vulnerável a mudanças nas populações de presas, disse o principal autor do estudo, Michael Griffiths, professor de ciências ambientais, geoquímico e paleoclimatologista.

Aprender mais sobre o antigo tubarão ainda pode ajudar os cientistas a entender melhor as ameaças que animais marinhos semelhantes enfrentam hoje. “Uma das grandes implicações para este trabalho é que ele destaca a vulnerabilidade de grandes predadores, como o grande tubarão branco moderno, às mudanças climáticas, dadas as semelhanças em sua biologia com o megalodonte”, disse Griffiths.

*Informações por CNN Brasil


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