Alma: arquitetura por amor

Conversamos com a arquiteta Claudia Comparin sobre seu amor pela profissão e pela natureza e os planos para o futuro

05/06/2023 00h00 - Atualizado em 06/06/2023 às 19h43

Por Rúbia Pedra

Natural de Rancharia, interior de São Paulo, Claudia Comparin morou no interior até os nove anos. Dos tempos em que viveu no campo, tem memórias e inspirações que a acompanham até hoje. Quando criança, já demonstrava o gosto pela decoração e pela composição de elementos.

Ainda nova, veio morar em Mato Grosso do Sul, onde casou, teve filhos e voltou a morar no interior. “As pessoas comentavam ‘nossa, você colhe plantas e faz um arranjo lindo, tem um dom’, e eu pensava que aquilo era tão simples pra mim, como poderia ser um dom? Qualquer um poderia fazer. Mas acho que foi natural, é o que me faz feliz. Tinha o gosto pela decoração, compor a mesa. Na casa das minhas amigas, era eu que ajudava a compor os ambientes, etc”, conta.

Assim, observando que levava jeito, Claudia resolveu cursar Arquitetura e Urbanismo, aos 36 anos. “Vim morar em Campo Grande e comecei o curso. Já tinha meus filhos, eles já estavam na faculdade também. Me formei aos 41 anos, hoje tenho sete anos de arquitetura ‘oficialmente’, mas carrego isso desde criança. Sempre falo que eu não sou arquiteta, eu nasci arquiteta. Quando você tem um dom e se sente bem fazendo aquilo, significa que você já nasceu com aquele dom”.

Claudia conta que quando se descobriu arquiteta, seu empenho foi tanto que, ao se formar, já possuía portfólio e uma cartela de clientes. Com isso, a opção foi abrir seu próprio escritório. “A arquitetura hoje tem vários conceitos, então, às vezes, é difícil se encaixar em alguns estilos. O que eu trago nos meus projetos é o simples, do campo, da natureza, o abrigo. A arquitetura é um abrigo, nos primórdios da nossa humanidade, o abrigo era uma caverna e, de repente, se tornou um telhado. Hoje é muito mais que isso, é um estilo de vida e que também influencia no modo de viver”.

Segundo a arquiteta, os espaços projetados colaboram com o bem-estar e até alteram o humor de quem os frequenta, por isso, é importante pensar nas composições e escolhas. “A arquitetura, para mim, é o que te auxilia a viver melhor, é o que vai te fazer feliz naquele espaço. A casa que eu projeto não é uma casa de revista, uma casa de enfeite, é uma casa que precisa ser usada, vivenciada, cada item dela é utilizado, é frequentado”.

Dentre as preferências em seus projetos, além de muita natureza, Claudia preza pela iluminação natural com o uso de vidros e tem apreço por ambientes com o teto mais alto. “Os meus projetos têm mais vidro do que parede, e isso eu trago muito da infância, essa memória afetiva com a natureza. Tudo que eu posso trazer da natureza pra dentro, com vidro, aberturas, alturas, são itens básicos nos meus projetos”. A arquiteta ainda brinca, “Se o cliente chega e fala que não quer vidro, aí eu falo, olha, acho que você errou de arquiteta (risos)”.

Para Claudia, a maior dificuldade na carreira foi também o motivo de maior orgulho. Quando começou a graduação, ela não possuía computador nem smartphone, tendo então a tecnologia como uma barreira. Contudo, não se deixou vencer e aprendeu a utilizar as ferramentas. “Como eu sou muito teimosa, no segundo ano de faculdade eu já tinha feito nove cursos, estudava e repetia até aprender. Eu sabia que tinha um pouco mais de dificuldade, mas estava decidida. Hoje faço meus renders e sei começar e terminar o projeto nos programas”.

Novo escritório

A ideia de um novo espaço surgiu em uma viagem à Disney, quatro anos atrás, quando ficou apaixonada pelos parques e espaços do local. Ao voltar, Claudia disse para o marido que iria investir em um terreno e construir o escritório do zero. Porém, a realidade foi diferente dos planos. “Demorou um pouco, mas surgiu a possibilidade de comprar essa casa. Fizemos uma reforma e estamos felizes com o local. Um dos pilares principais do nosso escritório é a alma, a alma com o cliente, a alma no relacionamento com o outro, e a alma também entre nós, na equipe. Penso que esse é o nosso diferencial, a gente se envolve”, explica.

O espaço pretende ser mais do que um escritório, quer remeter a uma “casa com cara de casa”. O local será um portfólio físico de como a arquitetura praticada por Claudia é: com muito contato com a natureza. O ambiente também almeja ser um local para que arquitetos e estudantes de arquitetura compartilhem conhecimento e experiências. “A Casa Claudia Comparin vai ser mais do que um escritório. Durante a pandemia, o curso de arquitetura ficou um pouco distante, frio. Eu acredito que eu não sei tudo, mas a gente aprende junto e eles [os estudantes] trazem tanta energia boa, acho que vai ser uma troca interessante, coisas que a faculdade não ensina, já que a vida de estudante é um pouco distante da realidade”.

Como ela mesma aconselha, o importante é não ter medo de arriscar. “Eu não tenho medo de errar e de pedir desculpas, e isso me faz ir pra frente sempre. Explore e esgote todas as possibilidades, você pode sempre melhorar e na vida você tem que se arriscar para crescer”. Com sete anos de escritório e mais de 500 projetos realizados, o que não falta para Claudia é a coragem para enfrentar o novo.

A Casa Claudia Comparin fica na R. Sergipe, 387 - Jardim dos Estados. Faça uma visita ou entre em contato pelo Instagram, @claudiacomparin_arquitetura.

LINK|-|https://claudiacomparin.com.br/|-|Cláudia Comparin

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