Por redação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou nesta sexta-feira (26) que mais de três milhões de hectares de terras estão sendo usados em mais de 120 países para o cultivo de tabaco, incluindo países onde as pessoas morrem de fome.
Os dados, expressos em comunicado, surgem nas vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala na próxima quarta-feira (31), e são reportados no relatório "Cultive alimentos, não tabaco", divulgado nesta sexta-feira, que realça os malefícios do cultivo de tabaco e os benefícios de culturas "mais sustentáveis para agricultores, comunidades, economias e ambiente".
De acordo com o relatório da OMS, Brasil e Moçambique estão entre os países que mais cultivam a planta de tabaco.
Segundo a agência da ONU, mais de 300 milhões de pessoas no mundo "enfrentam insegurança alimentar aguda", enquanto mais de três milhões de hectares de terras em mais de 120 países estão a ser usados para "o cultivo de tabaco mortal", incluindo em "países onde as pessoas estão morrendo de fome".
Os mais recentes dados da OMS revelam que as áreas de plantação de tabaco estão a expandir-se em África, tendo aumentado quase 20% entre 2005 e 2020.
O relatório "Cultive alimentos, não tabaco" destaca que Brasil, China e Índia contribuem para mais da metade (mais de 55%) do cultivo mundial de tabaco. No "top 10" dos países mais produtores estão, ainda, Indonésia, Malaui, Moçambique, Turquia, Tanzânia, Estados Unidos e Zimbabué.
A OMS assinala que a cultura do tabaco causa doenças aos agricultores e que mais de um milhão de crianças que trabalham nas plantações "estão a perder a oportunidade de estudar".
"O tabaco não é só uma grande ameaça para a insegurança alimentar, mas também para a saúde em geral, incluindo a saúde dos produtores de tabaco. Os agricultores estão expostos a pesticidas, fumo de tabaco [no processo de cura das folhas] e a tanta nicotina", salientou o diretor para a Promoção da Saúde na OMS, Ruediger Krech, citado no comunicado, alertando para problemas de saúde como doenças pulmonares crônicas e envenenamento por nicotina.
Face aos malefícios do consumo de tabaco, a Organização Mundial da Saúde exorta os governos a pararem de subsidiar o cultivo da planta e a apoiarem culturas agrícolas mais sustentáveis que "poderiam alimentar milhões" de pessoas.
"O tabaco é responsável por oito milhões de mortes por ano. Contudo, os governos no mundo gastam milhões a apoiar plantações de tabaco", denunciou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no mesmo comunicado, frisando que ao optar-se por cultivar alimentos em vez de tabaco prioriza-se a saúde, preservam-se os ecossistemas e fortalece-se a "segurança alimentar para todos".