Tudo começou com um sonho: fazer a volta do Oceano Atlântico - subir a costa brasileira em direção ao Caribe, atravessar o Atlântico Norte para a Europa e retornar ao Brasil. Amante dos esportes aquáticos, especialmente do surf, o brasileiro Gustavo Barroso, depois de sofrer uma grave infecção no ouvido, precisou reduzir as práticas esportivas de contato direto com a água. A nova condição o levou ao encontro da vela oceânica - esporte em que são utilizados barcos movidos por propulsão à vela - e deu início à sua trajetória rumo ao Atlântico. O sonho ganhou ainda mais força no dia em que Gustavo conheceu Paula, velejando na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. O casal se preparou por mais de cinco anos até finalmente colocar em prática o “Projeto Alforria”.
Durante o planejamento, a aventura ganhou mais um tripulante, o Antônio, filho do casal. Hoje com 16 anos, ele garante que a experiência de acompanhar os pais no projeto e conhecer novos lugares proporciona uma visão diferente do mundo e possibilita conhecer novas culturas. Para ele, esse conhecimento também oportuniza diferentes pontos de vista, que afetam suas as escolhas, pensamentos e ações. “Viajar nos mostra como as coisas são diferentes em cada país e que o mundo é um lugar com muita diversidade.”
Contudo, apesar da diversão de se viver em alto-mar, existe também a saudade do restante da família, dos amigos, a dificuldade de contato causada pelo fuso-horário diferente do Brasil e a limitação de internet a bordo. “Vivemos por quatro anos em dois barcos diferentes. No primeiro veleiro, viajamos por uma parte da costa do Brasil durante, mais ou menos, um ano e meio. No segundo, um veleiro catamarã que buscamos em Les Sables D’Olonne (uma charmosa cidade náutica do norte da França), viajamos por dois anos e meio, visitando Espanha, Portugal, Gibraltar, Ilhas Canárias, Martinica, Dominica, Les Saintes, Guadalupe, Ilhas Virgens Britânicas, Turks e Caicos, Estados Unidos e Bahamas”, conta o jovem.
A família vive a bordo do veleiro Alforria desde 2016 e chegou a morar nos mares do Rio de Janeiro e da Bahia até iniciar a jornada do Atlântico. Atualmente, os três residem na cidade do Porto, em Portugal, onde Antônio estuda.
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