Segundo Deloitte e PwC, pessoas formadas na era da pandemia sofrem para trabalhar em equipe

Firmas do clube das “Quatro Grandes” da auditoria incrementam treinamento para enfrentar “lacuna de capacidade” de recrutas, cujo ensino foi interrompido pelos lockdowns

15/05/2023 00h00 - Atualizado em 16/05/2023 às 17h33

Por redação

Deloitte e PwC promovem treinamento extra para seus funcionários mais novos no Reino Unido, depois de perceberem que recrutas, cujo ensino foi interrompido pelos lockdowns, exibem menos habilidades de comunicação e de trabalho em equipe em comparação a turmas anteriores.

Os recrutas têm menos confiança em fazer tarefas básicas como apresentações e ou se expressar em voz alta em reuniões, segundo os sócios.

Os funcionários novatos que passaram parte dos anos escolares ou universitários isolados dos colegas têm encontrado mais dificuldade para adaptar-se ao ambiente de trabalho, segundo os sócios das firmas de consultoria em entrevistas ao “Financial Times”.

“Isso significa que há uma maior necessidade de os empregadores oferecerem treinamento em habilidades profissionais e de trabalho básicas, que não eram necessárias em anos anteriores", disse a diretora-gerente da área de pessoas e propósitos no Reino Unido da Deloitte, Jackie Henry.

A adoção de treinamentos adicionais por duas das maiores recrutadoras de formados e aprendizes no Reino Unido demonstra os desafios enfrentados pelos empregadores ao lidar com o impacto de longo prazo das restrições da pandemia sobre algumas pessoas.

O diretor da área de pessoas no Reino Unido da PwC, Ian Elliott considera “compreensível que alunos que perderam atividades presenciais durante a covid possam agora ser mais fortes em certas áreas, como trabalhar de forma independente, e menos confiantes em outras”. Alguns deles são “menos confiantes” em apresentar e falar em reuniões, colaborar com colegas e criar redes de contatos, segundo Elliott.

Por sua vez, Henry diz que muitos dos mais jovens “tiveram experiência de trabalho apenas mínima ou virtual, com menos exposição a um ambiente de empresa”.

Alguns são menos confiantes e “muitos estão acostumados a trabalhar de forma isolada, então têm dificuldade em trabalhar em equipe e saber como trabalhar no escritório e nos locais do cliente”, acrescentou.

Henry também disse que a Deloitte está “vendo mais candidatos querendo postergar seus exames de certificação profissional e pessoas sofrendo de estresse, de uma maneira que não víamos antes”.

A dificuldade de treinar novos funcionários tem sido agravada pelo trabalho híbrido, segundo um sócio sênior de uma firma de consultoria, porque limitou as oportunidades de aprender observando colegas mais experientes. Assim como a maioria das empresas de serviços profissionais, a Deloitte e a PwC permitem a seus funcionários dividirem a semana de trabalho entre a casa e o escritório.

Para enfrentar o problema, a PwC está “incrementando o treinamento” que oferece aos “funcionários juniores”, segundo Elliott. O plano inclui permitir que alguns funcionários acostumados a ter contato direto com clientes passem a ter como função alternativa, por dois anos, a de treinamento em tempo integral, orientando colegas novatos no desenvolvimento de carreira, desempenho e bem-estar.

Sob o programa, que já foi testado em algumas linhas de negócios, os treinadores recebem capacitação e a empresa os financia quando eles querem ir atrás de qualificações formais de “coaching” de carreira.

A PwC também terá uma iniciativa de coaching que enfatizará a importância do treinamento cara a cara e garantirá que os funcionários novatos “tenham mais exposição a atividades presenciais com sócios e diretores”, disse Elliott.

A Deloitte também tomou medidas para ajudar a sanar as “lacunas de habilidades” entre graduados e aprendizes, segundo Henry. Isso inclui um novo programa de iniciação nos cargos, além de treinamento sobre apresentações on-line e presenciais e a construção de redes de contatos profissionais.

A partir de julho, os novos contratados também participarão de um programa de treinamento de uma semana com sessões sobre “resiliência mental, superação de adversidades e a importância da mentalidade”, disse Henry.

A empresa deu orientação aos funcionários mais jovens explicando “os benefícios [...] de ir ao escritório para colaborar, fazer ‘networking’ e aprender com colegas mais experientes”, acrescentou Henry.


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