Por Wendell Reis | InvestigaMS
Os deputados estaduais aprovaram, com 20 votos favoráveis e dois contrários, de João Henrique (PL) e Rafael Tavares (PRTB), o projeto de lei de autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB) que inclui a história das mulheres como conteúdo transversal no currículo das escolas estaduais de Mato Grosso do Sul.
A votação foi marcada por uma crítica da deputada Mara Caseiro à declaração de voto de João Henrique, que votou contra o projeto, alegando que defende a escola sem partido. “A gente tem um carinho pelas mulheres, pelas mulheres que fizeram história neste país, mas existe, por parte deste parlamentar, a preocupação pela liberdade de quais tipos de mulheres. Porque quando você coloca para a esquerda, existem mulheres que não são motivo de orgulho, pelo menos para este parlamentar. Então, entendo que uma intervenção pode causar algum tipo de distorção. Respeitando, fazendo essa ressalva a estas mulheres, voto não”, declarou.
O presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro (PP), quebrou o protocolo após a fala para fazer um adendo à fala de João Henrique. “Se eu entendo um pouquinho de didática, de história das mulheres, este projeto é das mulheres de esquerda, direita, centro e de todas as mulheres”, opinou.
A deputada Mara Caseiro foi além e considerou o comentário de João Henrique misógino. “Nós, mulheres, abominamos toda e qualquer tipo de fala misógina. Quantos e quantos homens também que não me orgulho na nossa história, mas a gente respeita e é isso. Acho que são mulheres que tiveram sua participação na história do brasil, do Estado e que fizeram a construção do que é nossa sociedade. Aí, quando eu ouço, do deputado João Henrique, respeito seu posicionamento, é um direito votar contra ou favorável, claro, só que vi na sua fala hoje essa misoginia, porque não pode ser colocado esse conteúdo para falar sobre a história das mulheres, porque temos a história do homem, que está dentro da história do Brasil, do MS”, rebateu.
O deputado Pedro Kemp (PT) disse ter a impressão de estar na idade média e ser preciso um novo iluminismo para elucidar e trazer verdade aos fatos. “A história foi escrita por homens, na perspectiva dos homens e ela tem um viés machista, patriarcal, parabenizo vossa excelência por este projeto porque traz a oportunidade de nossos alunos terem uma formação em uma outra perspectiva. No olhar das mulheres que fizeram história e muitas vezes ficaram no anonimato. Muitas mulheres ficaram caladas, foram inviabilizadas e não puderam fazer parte desta história oficial que está aí e muitas vezes não retrata bem’”, argumentou.
Rafael Tavares, que também votou contra o projeto, disse ter preocupação sobre as referências de professores dentro da sala de aula. Disse que denunciou professor que em aula de matemática, disse que na polícia só tinha maconheiros. Na avaliação do deputado, dar esta liberdade aos professores, seria muito perigoso.
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