O Festival de Inverno de Bonito (FIB 2025) mostrou mais uma vez sua força além da programação cultural. Durante cinco dias, o evento atraiu cerca de 20 mil visitantes, lotou hotéis, aqueceu restaurantes e impulsionou o comércio local, movimentando R$ 23,22 milhões na economia da cidade, de acordo com a Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico.
A estimativa considera a permanência média de três dias e um gasto diário de R$ 387 por pessoa em hospedagem, alimentação, passeios, transporte e compras.
Na rede gastronômica, o reflexo é imediato. O chef Sylvio Trujillo, do restaurante Bacuri, afirma que a semana do Festival se equipara ao Natal e Réveillon em volume de vendas. Segundo ele, o faturamento cresce até 80% em relação a dias comuns.
Além disso, a mudança do Festival de julho para agosto foi estratégica: “Antes era baixa temporada, um mês em que dávamos férias a funcionários. Hoje, precisamos contratar temporários e reforçar estoques. O Festival mudou a lógica da cidade”, explica.
Para Trujillo, o impacto também é social. A contratação de mão de obra temporária acaba muitas vezes se convertendo em emprego permanente, ampliando a renda das famílias e projetando Bonito como destino gastronômico de qualidade.
No comércio, o movimento também é sentido. A vendedora Dila Gomes, da loja Cobra Verde, afirma que camisetas com motivos pantaneiros estão entre os itens mais procurados. “A gente reabastece o estoque porque sabe que o movimento aumenta. A diferença em relação a meses normais é grande”, diz.
Na loja de artesanato Macaco Prego, o proprietário Cláudio Jacques calcula crescimento entre 20% e 30% nas vendas durante o evento. “Sai de tudo um pouco, camisetas, bolsas, artesanato. É mais trabalho, mas compensa e ainda garante renda extra para a equipe”, ressalta.
O Festival também altera o perfil do turista. De acordo com Mariano Chiurazzi, gerente da agência Passeios & Co, muitos visitantes optam por passeios avulsos e mais curtos, como idas a balneários, para reservar energia à noite. “Dá uma salvada no movimento, mantendo a agência ativa com cerca de 15 passeios por dia. Em outras semanas, fazemos cerca de oito”, comenta.
Na hotelaria, o efeito é ainda mais visível: todas as mais de 100 opções de hospedagem da cidade registraram ocupação total.
A empresária Silvia Schmidt, sócia-proprietária do Hotel Paraíso das Águas, destaca que o evento cumpre a missão de estender a alta temporada. “No começo houve dúvida, mas já no primeiro ano ficou claro que foi um acerto. Agosto deixou de ser um mês morno e passou a garantir boa ocupação e faturamento”, avalia.
Para ela, o impacto é coletivo: “É um movimento que mantém o turista mais tempo na cidade, visitando lojas e consumindo. O festival gera alegria cultural, mas também segurança econômica. Deveríamos ter um por mês”, brinca.