O projeto de cultivo de hortifrúti desenvolvido no Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Caarapó tem se consolidado como uma importante iniciativa de ressocialização e solidariedade. Mais do que a produção de alimentos frescos, a horta da unidade representa transformação de vidas e fortalecimento do vínculo com a comunidade local.
Por meio da capacitação e do trabalho no campo, os reeducandos desenvolvem novas habilidades, resgatam valores e encontram no cultivo da terra uma oportunidade de recomeço. Cada colheita, além de alimentos, simboliza futuro e esperança que ultrapassam os muros do presídio.
Nesta semana, 300 pés de alface colhidos na unidade foram entregues ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que repassará os alimentos a famílias em situação de vulnerabilidade. Para a supervisora do CRAS, Késia Jussara Marques de Farias Carminatti, o impacto é direto na vida das pessoas atendidas.
“Esse trabalho que o presídio oferece à comunidade tem sido de grande valia, principalmente para o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos ‘Sorriso de Criança’, que hoje atende cerca de 70 crianças e adolescentes. Muitos dos nossos participantes não têm acesso regular a verduras e legumes, e essas doações fazem diferença na mesa das famílias, tornando as refeições mais saudáveis e garantindo mais dignidade e qualidade de vida”, destacou.
Segundo o diretor da unidade, Gilson Lino Filho, a iniciativa está em constante crescimento. “Estamos aumentando gradativamente nossas doações e, com isso, ampliando o apoio às entidades do município”, afirmou.
O fortalecimento da horta conta com apoio da Prefeitura, que enviou recentemente mais um caminhão de terra, e do Senar, responsável pela capacitação dos internos no cultivo. Entre as hortaliças produzidas estão alface, rúcula, couve e cheiro-verde, além de variedades voltadas ao consumo da unidade.
Inicialmente, as doações atendiam apenas o Asilo e o Cema (Centro Marie Ariane), que abriga crianças e adolescentes. Hoje, a lista de beneficiados se expandiu para a Guarda Mirim e a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), ampliando o alcance social da ação e reforçando o compromisso da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) com a retribuição social.
Na APAE de Caarapó, que atende cerca de 130 pessoas com deficiência intelectual e múltipla, a coordenadora pedagógica Marisonia de Souza Farias ressaltou a relevância da parceria. “O trabalho desenvolvido na horta do presídio representa muito mais do que a produção de alimentos. Cada doação fortalece nossas ações e contribui para uma alimentação mais saudável dos estudantes e usuários. É um gesto de solidariedade que valoriza a dignidade humana e reforça a importância da inclusão e do cuidado com as pessoas com deficiência”, disse.
Na Guarda Mirim, que atende cerca de 50 crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, as doações também têm feito diferença. O coordenador Venâncio Monteiro e a administradora Juliana Artheman Melo destacam que a colaboração ajuda a garantir uma alimentação mais nutritiva. “Graças às doações, conseguimos oferecer cardápios mais variados e nutritivos, garantindo um cuidado especial com a saúde deles”, afirmou Juliana.
Assim, o projeto da horta do Estabelecimento Penal de Caarapó vai além da ressocialização dos internos: é uma ponte de solidariedade que conecta a unidade prisional à comunidade, levando saúde, dignidade e esperança às famílias e instituições beneficiadas.